04 de junho de 2018 | 17h56
Nos últimos meses, diversos países de mercados emergentes, incluindo vários na América Latina, registraram desvalorizações cambiais e um declínio nas reservas cambiais. A agência de classificação de risco Moody's atribui esses movimentos ao aperto da política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e aos desequilíbrios macroeconômicos específicos de cada país, o que acabou afetando os fluxos de capital para os mercados emergentes. Em relação ao Brasil, a Moody's acredita que, embora o País tenha sofrido pressões cambiais nos últimos meses, "a principal vulnerabilidade de crédito é a doméstica, relacionada à dinâmica fiscal desafiadora".
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"Na medida em que as flutuações cambiais são impulsionadas por saídas de capital - ou entradas significativamente mais baixas - elas são negativas em termos de crédito para países com grandes necessidades externas de financiamento", disse o analista Renzo Merino, da Moody's. Para ele, "embora as condições atuais não coloquem pressão negativa sobre o crédito da maioria dos soberanos na América Latina, vimos pressões significativas em particular para a Argentina".
Para a agência, a desvalorização do peso argentino foi um resultado da reação adversa do mercado à decisão das autoridades de aliviar as metas de inflação no fim do ano passado e de um imposto sobre ganhos de capital sobre as participações estrangeiras de instrumentos de dívida denominados em pesos que entrou em vigor em abril. "Além disso, o perfil de crédito da Argentina incorpora fraquezas macroeconômicas subjacentes, incluindo a presença de grandes déficits em conta fiscal e inflação persistentemente alta", afirmou a Moody's.
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A agência disse, ainda, que, embora menos vulneráveis do que a Argentina, a Costa Rica, o Chile e o Paraguai "se destacam por suas grandes necessidades de financiamento externo em relações às reservas". Já a presença de fatores mitigantes no Chile, como fluxo estável de receita em moeda estrangeira, e no Paraguai, como superávits em conta corrente que contribuem para a acumulação de reservas, "limitam os riscos de crédito nesses países".
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