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Para Morgan, previsão de recessão global já é consenso

Por Regina Cardeal e LUCIANA XAVIER E PATRICIA LARA
Atualização:

Na qual é, pelo menos, a terceira previsão de recessão global divulgada hoje pelos analistas, o banco Morgan Stanley afirmou que uma desaceleração global se tornou agora uma previsão de consenso. "Mas sua profundidade e duração ainda são incertezas e os analistas podem ainda estar muito otimistas sobre os lucros corporativos domésticos e no exterior", afirma o banco. "Um círculo vicioso de aperto no crédito e deterioração na qualidade de crédito, combinados com sustentação menor para o crescimento global, ameaçam minar uma economia já fraca." O Morgan Stanley prevê que todas as economias industrializadas ficarão estagnadas em 2009, com desacelerações significativas em todas as economias do G-10, e reduziu sua previsão de crescimento global para 2,7%, de 3,5%. O pânico nos mercados hoje se deve ao agravamento da crise de confiança diante do reconhecimento de que economia global deve crescer muito menos daqui para a frente, disse hoje o economista do Dresdner Kleinwort em Nova York, Kevin Logan. "A percepção de crescimento mundial menor está sendo antecipada pelos mercados. O risco global de recessão está muito mais forte", afirmou. Segundo ele, essa percepção aumentou após as ações dos últimos dias dos bancos centrais e governos da Europa (Alemanha, Irlanda, Grécia, Itália, Bélgica e Holanda) para estancar a crise financeira. "A turbulência nos mercados deve levar ainda algum tempo para passar", disse. Essa percepção só faz piorar o cenário para os emergentes, segundo Logan. "Como muito da dinâmica dos emergentes se deve às exportações, que devem diminuir, eles serão afetados também. Não creio que serão afetados pela crise financeira, mas pela redução da demanda de seus produtos. As perspectivas de lucros das empresas nos emergentes serão reduzidas e o interesse em investir nos emergentes deve cair", afirmou. Logan disse hoje que não resta mais dúvida de que os Estados Unidos estão em recessão. Segundo ele, isso deverá ser confirmado nos próximos meses pelo National Bureau of Economic Research (NBER), instituto responsável por avaliar quando o país está em recessão. "Acho que a contração da economia americana irá durar algum tempo", disse. Logan disse que o pacote de socorro do governo ao sistema financeiro significa apenas o início de uma cura que ainda deve levar tempo para chegar. "O pacote é o começo da cura, mas o paciente está muito doente e levará tempo até que se recupere e saia da cama andando", disse. O economista disse que a recuperação americana pode demorar até pelo menos 2010 e pode levar ainda mais tempo para ocorrer na Europa. Segundo ele, embora o ciclo de negócios na Europa seja menos amplo, a recuperação deve vir depois, pois a crise também demorou mais tempo para dar os primeiros sinais. Para Logan, a crise atual não pode ser comparada àquela dos anos 30. "A situação não é tão ruim como na Grande Depressão. Não ainda", disse. Segundo ele, o número de bancos que quebraram naquele período e a taxa de desemprego eram muito maiores. "A crise financeira é muito ruim. Não vemos há muito tempo uma crise assim há muito tempo. Mas na Grande Depressão milhares de bancos quebraram, as pessoas perderam seus depósitos, e não é exatamente isso que está ocorrendo agora", avaliou. Logan disse que uma analogia pode ser vista com a crise do Japão, na década de 90, caracterizada por anos de estagnação econômica e alto índice de desemprego. Novamente, o país enfrenta risco de recessão. "Sem o sistema de crédito funcionando bem, é difícil a economia crescer. Por isso acho que esse é o maior perigo: deflação ou estagnação nos próximos anos. Algo similar ao que ocorreu no Japão." Com informações da agência Dow Jones.

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