Para Mourão, Ford deveria ter 'retardado' decisão; Maia fala em 'falta de credibilidade'

Vice-presidente se disse surpreso com a medida e apontou que mercado brasileiro é maior que os demais; para Maia, decisão alerta para a importância de modernizar o Estado

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Por Emilly Behnke e Nicholas Shores
2 min de leitura

BRASÍLIA - O vice-presidente Hamilton Mourão se disse surpreso com o anúncio da montadora Ford sobre encerrar a produção de carros no País. Em conversa com jornalistas na tarde desta segunda-feira, 11, Mourão disse que a empresa, que está no Brasil há 100 anos, poderia ter retardado a decisão. Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o fechamento da produção no País é uma demonstração da "falta de credibilidade" do governo federal. 

Após anos de perdas significativas no Brasil, intensificadas pela pandemia da covid-19, a Ford anunciou em comunicado nesta segunda-feira, 11, o fechamento de suas fábricas em Camaçari (BA), onde produz os modelos EcoSport e Ka, Taubaté (SP), que produz motores, e Horizonte (CE), onde são montados os jipes da marca Troller.

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'Acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil', disse Mourão. Foto: Bruno Batista/ VPR

"Não é uma notícia boa. Eu acho que a Ford ganhou bastante dinheiro aqui no Brasil. Me surpreende essa decisão que foi tomada aí pela empresa", comentou Mourão na saída da vice-presidência."Eu acho que ela poderia ter retardado isso aí mais e aguardado. Até porque o nosso mercado consumidor é muito maior do que outros aí", afirmou. A decisão de fechar as linhas de manufaturas brasileiras segue uma reestruturação dos negócios na América do Sul.

A sede administrativa da montadora na América do Sul, localizada em São Paulo, será mantida, assim como o centro de desenvolvimento de produto, na Bahia, e o campo de provas de Tatuí (SP).

Para Maia, o anúncio da montadora evidencia a ausência de regras claras, de segurança jurídica e de um sistema tributário racional. Defensor da proposta de reforma tributária de autoria do candidato apoiado por ele para a sucessão no comando da Mesa Diretora, Baleia Rossi (MDB-SP), o atual presidente da Casa apontou que o sistema tributário teria se tornado um “manicômio” nos últimos anos, com impacto direto sobre a produtividade das empresas.

“Espero que essa decisão da Ford alerte o governo e o Parlamento para que possamos avançar na modernização do Estado e na garantia da segurança jurídica para o capital privado no Brasil”, escreveu Maia em sua conta no Twitter.

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Em seu Twitter, o secretário executivo do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten, que tem gabinete no Planalto, respondeu ao presidente da Câmara. “A verdade dos fatos: a Ford mundial fechou fábricas no mundo porque vai focar sua produção em SUVs e picapes, mais rentáveis. Não tem nada a ver com a situação política, econômica e jurídica do Brasil. Quem falar o contrário, mente e quer holofotes”, reagiu Wajngarten. / COLABOROU TÂNIA MONTEIRO

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