PUBLICIDADE

Para novo presidente, Telebrás só dará lucro daqui a dois anos

Jorge Bittar aposta fichas no projeto de satélite nacional, que deve ser lançado no fim de 2016, para reverter prejuízos

Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e BRASÍLIA
Atualização:

Aliviado por ter escapado do corte de R$ 69,9 bilhões no Orçamento anunciado pelo governo, o novo presidente da Telebrás, Jorge Bittar, garante que todos os cronogramas dos projetos da estatal estão mantidos e com recursos assegurados.Com um novo plano de negócios a ser anunciado nas próximas semanas e a possibilidade de abertura de uma linha de crédito para pequenos provedores, o objetivo da empresa é reverter a trajetória de maus resultados operacionais em até dois anos, para finalmente dar lucro.Ex-deputado federal pelo PT do Rio de Janeiro e funcionário da Embratel por duas décadas, Bittar foi escolhido pelo ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, para assumir a Telebrás após a empresa ter registrado prejuízo de R$ 117 milhões em 2014. Ciente das dificuldades da companhia em alavancar receitas por meio dos poucos acordos firmados até agora com provedores regionais de internet, o novo presidente aposta as fichas no projeto de satélite nacional que deve ser colocado no espaço no fim de 2016. Estão previstos investimentos de R$ 700 milhões no equipamento em 2015."Os recursos para a construção do satélite foram poupados do corte e o cronograma está mantido para que o lançamento ocorra no último trimestre de 2016. Esse será o satélite com maior capacidade de transmissão de dados voltado para o Brasil e também terá a maior cobertura, alcançando todo o território nacional e a plataforma marítima brasileira", afirma Bittar.Por isso, ainda que a empresa planeje aumentar sua malha de fibras ópticas em mais 8 mil quilômetros este ano - chegando perto dos 30 mil km de rede -, o plano de negócios que vem sendo elaborado pela Telebrás terá o satélite como o principal trunfo para firmar mais acordos comerciais com provedores regionais de internet. Embora reativada há cinco anos, a estatal até agora firmou pouco mais de 180 contratos no segmento."Planejamos chegar à sustentabilidade em até dois anos, justamente com a entrada em operação do satélite. Com ele, nosso potencial de atendimento mudará completamente e poderemos atender a qualquer demanda com rapidez e qualidade", projeta Bittar. "Para se ter uma ideia, o custo para a implantação de uma estação com velocidade de 10 Mbps atendida pelo satélite seria de apenas R$ 1 mil, ideal para o atendimento de áreas remotas", completa.Negociação. Mas enquanto o satélite - construído na França em parceria com a Embraer e o Ministério da Defesa - não fica pronto, a Telebrás negocia com o governo um remanejamento nos recursos do Fundo Garantidor de Investimentos (FGI) do BNDES para o financiamento desses pequenos provedores que hoje não conseguem chegar até as bases da rede da Telebrás no interior do País. "A ideia é aproveitar uma parcela desses recursos, hoje voltados para os caminhoneiros, para também financiar a compra de equipamentos para potenciais clientes da Telebrás", explica Bittar, sem citar ainda os volumes que poderiam ser liberados para o segmento.Dados da própria Telebrás mostram que nos locais onde a rede da estatal já chegou, os preços da oferta de capacidade de dados no atacado - para que outras empresas vendam banda larga diretamente aos consumidores - caíram pela metade. "Nesses lugares, as teles privadas ou não têm redes ou cobram muito caro pelo acesso. Mas pequenos provedores, por terem uma estrutura mais enxuta, conseguem extrair rentabilidade dessas redes", dizBittar.Neste mês, a Telebrás iniciou testes para a construção de cabos pluviais, instalados no fundo dos rios, que prometem interligar cidades e comunidades ribeirinhas. "Isso é muito mais complexo do que colocar um cabo marítimo porque os leitos dos rios sofrem muito mais turbulência de sedimentos, mas é uma boa aposta. O satélite e os linhões de energia que também carregam fibras atenderão boa parte desses locais e a redes nos rios tendem a ser bom complemento para o serviço", conclui.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.