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Para o BC, risco de inflação cresce no mundo todo

Por FABIO GRANER E GUSTAVO FREIRE
Atualização:

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirma, na ata de sua última reunião, que a pausa na trajetória de corte de juros tem o objetivo de "preservar as conquistas no combate à inflação e assegurar que o fortalecimento da atividade econômica continue se dando em bases sólidas". Na reunião da semana passada, o Copom manteve a taxa Selic estável em 11,25% ao ano, interrompendo um ciclo de dois anos de reduções graduais dos juros básicos da economia. O documento destaca que o Copom orienta suas decisões com base nos cenários futuros para inflação e outras variáveis econômicas e afirma que a demanda doméstica continua se expandindo a taxas robustas e que diante dos impulsos dos cortes dos juros realizados este ano "continua podendo colocar riscos não desprezíveis para a dinâmica inflacionária". Embora reconheça a contribuição do setor externo para o cenário positivo da inflação, os diretores do Banco Central avaliam que tal ajuda pode "estar se tornando menos efetiva", por conta do forte ritmo de expansão da demanda doméstica. Além do setor externo, a ata do Copom menciona a importância dos investimentos para retardar o processo de pressão inflacionária que pode ser gerado pela atividade econômica acelerada. O documento ressalta, no entanto, que os efeitos dos investimentos sobre a capacidade produtiva da economia ainda precisam se consolidar. Segundo o documento, a demanda robusta eleva a probabilidade de serem observadas pressões significativas sobre a inflação no curto prazo. Inflação global O Banco Central brasileiro afirma que os riscos inflacionários no mundo parecem estar aumentando. "Estão emergindo sinais que podem apontar para a intensificação de riscos inflacionários em escala global, como indica o comportamento de preços de certas matérias-primas". Por isso, segundo os diretores do BC, as perspectivas para a inflação estão cercadas de maior incerteza. A ata do Copom, no entanto, afirma que as perspectivas de financiamento externo da economia brasileira sugerem que o balanço de pagamentos não deve ser uma ponte de risco para a inflação. Essa análise do BC leva em conta o fato de haver maior incerteza sobre a continuidade do forte crescimento da economia internacional ocorrido nos últimos anos e também considera a maior volatilidade nos mercados internacionais. De acordo com o Copom, aumentou a possibilidade de pressões inflacionárias localizadas que apresentem riscos para a trajetória da inflação como um todo. Isso porque a demanda interna aquecida favorece repasse de alta de preços no atacado para o consumidor.

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