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Para o JP Morgan, bancos correm menos risco no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de os bancos multinacionais dos EUA terem uma presença maior em solo brasileiro que na Argentina, onde já perderam bilhões, ao menos uma analista de mercado diz que a situação do Brasil é muito menos arriscada. FleetBoston Financial Corp. e o Citigroup Inc. têm a maior exposição na região, que gera cerca de 5% e 3% de sua renda, respectivamente. Entretanto, a turbulência não deverá pesar excessivamente sobre os lucros das instituições, ao menos neste ano, embora as ações dos bancos com resultados sensíveis à situação do mercado possam continuar pressionadas nos próximos meses, dado o alto grau de incerteza que domina a região, disse a analista do JP Morgan Securities Catherine Murray, em nota. "A situação argentina era muito incomum, na qual o sistema financeiro se desmantelou e parou de funcionar após a desvalorização" do peso, disse ela. "No Brasil, os mercados financeiros estão sob pressão, mas eles ainda efetivamente funcionam", destacou, acrescentando que isso é algo que, ela espera, continuará acontecendo mesmo sob pressão prolongada. Além disso, enquanto a crise financeira da Argentina resulta de eventos econômicos palpáveis, a pressão sobre os mercados financeiros do Brasil vem de especulação sobre qual será política econômica do próxima governo, acrescentou ela. O maior impacto potencial para os bancos dos EUA neste trimestre deverá ser dos resultados das transações no Brasil, "mas nosso melhor palpite é que esses resultados sejam bons", acrescentou Murray. Ela reconheceu que aumentos acentuados da taxa de juros do Brasil poderiam causar perdas ou ajustes negativos da marcação a mercado das carteiras de títulos brasileiros. "Entretanto, os mercados financeiros do Brasil são consistentes e bem desenvolvidos, e historicamente tanto o Citigroup quanto o FleetBoston se saíram bem durante tempos de turbulência econômica na América Latina, dado o seu conhecimento de mercado", disse Murray. O FleetBoston provavelmente não está tão bem posicionado para se beneficiar da atual volatilidade de mercado, dada sua decisão, no começo deste ano, de reduzir seus negócios fora dos EUA, inclusive no Brasil, que poderiam causar prejuízos. Enquanto a volatilidade de mercado geralmente leva à obtenção de lucro nas transações, ela não ajuda a conseguir apoio para investimentos, nem favorece os negócios dos bancos de investimento. Isso poderia atingir os lucros dos bancos dos EUA nos próximos trimestres, ou anos, dependendo dos resultados das eleições, destacou Murray. O FleetBoston tem a maior exposição ao Brasil, com cerca de 5% de seus lucros gerados aqui. O Brasil representa cerca de 6% do total de seus empréstimos. Entretanto, o banco tem diminuído sua carteira de empréstimo no último trimestre e ela espera que isso continue a acontecer. Murray estima que cerca de metade da receita do FleetBoston vem da atividade bancária de atacado, 30% de serviços de tesouraria e 21% de "private banking". Para o Citigroup, o Brasil representa cerca de 1% do seu total de empréstimos e 3% de sua renda total. Os negócios bancários de investimento e de mercado de capitais geram cerca de 40% da receita do Citi no Brasil, enquanto 30% vêm de seus serviços de tesouraria, 15% da atividade bancária de consumo 15% de "private banking". Os empréstimos respondem por apenas 30% de seu total de ativos no Brasil, destacou ela.

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