O Acordo de Bali, que tenta destravar o comércio internacional, pode voltar a avançar e ser implementado em duas semanas. A previsão foi feita ontem pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, que comemorou o acordo entre Índia e Estados Unidos sobre estoques de alimentos. O impasse entre as duas economias barrava o esforço da entidade para destravar o comércio.
"Eu diria que temos uma alta probabilidade de que o pacote de Bali pode ser implementado em breve. Acho que o avanço com o entendimento entre os Estados Unidos e a Índia é muito importante, porque estamos falando de quem estava no cerne do impasse que ocorreu em julho", disse Azevêdo em entrevista na véspera do início da reunião de cúpula do G-20, em Brisbane, na Austrália.
"Eu acho que as chances que temos de conversar com todos os membros da OMC em Genebra e finalizar esse entendimento são muito significativas", afirmou. "Estou esperançoso que podemos fazer isso em um período muito curto de tempo. Certamente, dentro das próximas duas semanas."
Na quinta-feira, autoridades indianas e americanas fecharam um acordo que permitirá ao governo da Índia ter mais liberdade para subsidiar e estocar alimentos. As políticas dos indianos eram questionadas por Washington. Por isso, o país não aceitava avançar com o Acordo de Facilitação do Comércio costurado em Bali.
"Houve reconhecimento de todos de que se trataria de um retrocesso irrecuperável. Estamos voltando aos trilhos e agora as perspectivas são muito melhores", disse o diplomata brasileiro que comanda a OMC.
O acordo que volta agora à pauta da Organização Mundial do Comércio prevê procedimentos mais simples para o comércio exterior, o que pode favorecer as transações entre países. Azevêdo comentou que o setor agrícola tem as melhores perspectivas diante da retomada do tema. "No geral, os produtos agrícolas passam por muito mais trâmites que os produtos industriais", disse o embaixador brasileiro.
Crise.
A crise na Ucrânia pode dominar a reunião de líderes do G-20 neste fim de semana, enquanto Reino Unido e Austrália acusam Rússia de contribuir para o problema. Antes da cúpula, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o premiê australiano, Tony Abbott, se reuniram na capital, Camberra, e levantaram a possibilidade de adotar mais sanções contra Moscou.
"Ainda espero que os russos tenham bom senso e reconheçam que precisam permitir que a Ucrânia siga como um país independente e livre para fazer suas escolhas", disse Cameron em entrevista a jornalistas.
/ COM DOW JONES NEWSWIRES