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Para OMC, protecionismo dos EUA passa após eleições

Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização Mundial do Comércio considera que o protecionismo norte-americano tem data marcada para acabar. Segundo Nacer Benjelloun-Touimi, conselheiro sênior da OMC, após as eleições deste ano, a posição dos Estados Unidos deve mudar. "Nos Estados Unidos há eleições muito freqüentemente, e temos de ter em conta que nos sistemas democráticos os eleitos devem responder aos eleitores. Sua primeira responsabilidade é, como eles dizem, serem reeleitos?, disse. ?Depois das eleições vamos esperar para ver?, afirmou Benjelloun-Touimi, que está em Portugal para participar do 1º Fórum Empresarial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Segundo o conselheiro da OMC, a criação de subsídios e normas para a proteção da economia americana antes das negociações sobre o livre comércio é uma tradição nos Estados Unidos. "Existe um precedente histórico de que os Estados Unidos, antes de grandes rodadas de negociações, agem desta forma. Foi assim com os automóveis nos anos 80 e o aço nos anos 70. É um fator de preocupação, mas não é algo que deve ser tomado como impedimento para o sucesso da rodada de negociações. Eles dizem que querem negociar tudo". Ele acredita que os Estados Unidos vão abandonar a Farm Bill, a nova lei de subsídios agrícolas. "Os Estados Unidos dizem que pretendem negociar na direção indicada pela rodada e acredito que esta legislação é uma medida temporária. Acho que será revogada. A história e a experiência passada indica que em algum ponto eles terão de se livrar da Farm Bill." Sobre os subsídios europeus, Benjelloun-Touimi diz que a conjuntura européia vai ajudar as negociações. "As pessoas estão preocupadas porque a União Européia ainda não mostrou suas cartas, mas isso é o que podemos esperar de qualquer tipo de negociação em que um lado tem muito que ceder. Eles pretendem ver o que conseguem em compensação. Acho também que a negociação dos subsídios será ajudada pela negociação sobre a expansão da União Européia, porque eles têm de lidar internamente com a questão agrícola com maior número de países e isso pode ajudar a atingir os dois objetivos". Apesar da crise e do aumento das barreiras protecionistas por parte dos países mais ricos, a OMC acredita que a atual rodada de negociações vai terminar dentro do prazo previsto. "O nosso mandato é para terminar as negociações em janeiro de 2005 e até agora o diretor geral da OMC afirma que ainda é possível terminar a rodada no prazo previsto. É diferente da Rodada Uruguai, porque agora há um enquadramento das negociações. Foi difícil introduzir a disciplina, mas agora sabemos como vamos negociar e em que direção". Benjelloun-Touimi elogiou a postura do Brasil na OMC, que tem várias queixas na organização contra outros países. "Esta é uma das razões por que o sistema multilateral está funcionando. Em vez de retaliações, países grandes e pequenos podem ter acessos a mecanismos de solução de controvérsias e resolver os problemas. O Brasil está dando exemplo: quando não está contente com a forma pela qual algumas regras estão sendo implementadas por países maiores em termos de dimensão econômica, pode levá-los ao tribunal".

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