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Para os executivos, a oportunidade está lá fora

Pesquisa aponta que profissionais de alta e média gerência querem mudar de emprego

Por MÁRCIA RODRIGUES
Atualização:

Nem mesmo o eventual temor de que a economia possa ficar mais lenta está inibindo executivos de buscar novas oportunidades no alto escalão corporativo. Segundo pesquisa feita pela Michael Page com dois mil executivos de média e alta gerência, 73% dos profissionais pretendem deixar a companhia atual nos próximos seis meses. São 6% a mais do que no mesmo período em 2011 (veja pesquisa completa ao lado). O levantamento foi feito em março e divulgado agora. O movimento não é visto como arriscado por especialistas. Eles acreditam que situações de crise intensificam a troca de executivos que ocupam posições estratégicas nas companhias. "A escassez e a disputa por talentos ainda são muito grandes no Brasil. E é em períodos de crises que ocorrem mudanças estratégicas no alto escalão, como forma de tentar melhorar o desempenho da companhia", diz o diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Luiz Edmundo Rosa.Para o diretor executivo da Michael Page, Marcelo De Lucca, outro fator que contribui para a movimentação e interesse dos executivos em trocar de companhia é o "pé no freio" que as empresas são obrigadas a dar nos investimentos em situações de desaquecimento econômico. "As organizações estão mais lentas no que se refere a investimento ou promoção de funcionários. Com isso, o potencial de crescimento interno foi reduzido. E os executivos querem crescer depressa. O que aumenta a movimentação do mercado."O gerente da DeNigris, Gianfrancesco Ghiurghi, de 31 anos, trocou há pouco de emprego para assumir esse cargo na companhia atual, após avaliar perspectivas de ascensão. "O profissional estuda e se prepara muito para obter mais destaque e quer que a empresa faça o mesmo por ele. Não via potencial de crescimento na empresa anterior." Outro ponto que tornou a decisão de mudar mais fácil para Ghiurghi foi a autonomia que ele teria para direcionar as ações do seu departamento. "Um cargo de gerência exige bastante autonomia. E eu não tinha isso na empresa anterior. Não dá para ser um bom gestor sem poder tomar as decisões nos momentos de tensão. Esse é o espírito ao assumir um cargo gerencial", diz.Apesar de não estar a procura de emprego, a gerente financeira da Villagres, Andreia Nazzini, de 34 anos, foi sondada e gostou da oferta que sua atual empresa fez para que ela abandonasse a organização do ramo cerâmico onde atuava. "Estava bem na companhia anterior, mas fui ouvir a proposta, pois queria ter ideia de qual era a minha imagem profissional no mercado. Se eu estava adequada ao perfil que vinha sendo exigido pelas organizações", conta a executiva.O que mais agradou Andreia, segundo ela, foi a postura de seu novo diretor. "Vi que ele tinha muito conhecimento em sua área de atuação e que eu tinha muito a aprender com ele", diz. A gerente financeira também afirma que aceitou a proposta por causa do desafio. "Tenho um plano de carreira e muitas metas para conquistar. E isso é muito estimulante", anima-se.Apesar de estar feliz com sua decisão, Andreia afirma que avaliou bem a proposta antes de aceitar. "Não é bom mudar de emprego por mudar. É preciso pesar o que a nova empresa pode acrescentar na carreira."Para o diretor da ABRH, esta é a postura que os profissionais devem ter antes de pensar em procurar uma oportunidade "Sempre há vagas para grandes talentos. Mas quem não está qualificado o suficiente deve ter cautela para não ficar sem emprego."

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