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Para Pérsio Arida, governo é menos liberal do que diz

Ex-presidente do Banco Central disse que a equipe econômica tem sido 'de uma timidez surpreendente' nas reformas estruturais

Por Bárbara Nascimento e André Ítalo Rocha
Atualização:

O economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Pérsio Arida disse hoje, em evento do Credit Suisse, que o governo atual é “muito menos liberal na política econômica do que o discurso defendido”. Segundo ele, a equipe econômica tem sido “de uma timidez surpreendente” nas reformas estruturais, diante do ímpeto inicial demonstrado e da legitimidade que a agenda econômica ganhou no Congresso Nacional, sob a tutela de Rodrigo Maia.

Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central Foto: Nacho Doce/ Reuters

Arida afirmou que a agenda de privatizações do governo foi uma “decepção”. E emendou que a venda de subsidiárias pelas estatais do governo, ocorrida no ano passado, não traz dinheiro para os cofres públicos e, por isso, não deveria estar na conta da equipe econômica. 

Quando você vende estatal, o dinheiro vai para o Tesouro. Se vende subsidiária, o dinheiro vai para estatal. Contar venda de subsidiaria como privatização é enganação.

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Ele afirmou ainda que “é difícil entender” porque o governo não deu um passo mais firme para extinguir o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e liberar o dinheiro do trabalhador. Segundo Arida, a proposta do governo para o FAT apenas diminui a contribuição ou zera em anos de aperto fiscal, mas não extingue o fundo.

“Porque não acabar de vez? A resposta é que, se acabar com FGTS, funcionários da Caixa e quem toma dinheiro do fundo não vão ficar felizes. O mesmo com o FAT, funcionários do BNDES não vão ficar felizes. Mas do que se trata o liberalismo? Priorizar interesse público em vez de particulares”, disse, completando: “É difícil entender, são vacilações em relação à política verdadeiramente liberal”.