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Para presidente do Banco Central, principal risco para economia é incerteza sobre reformas

Ilan Goldfajn também fez uma defesa do trabalho da instituição para conter a inflação e ancorar as expectativas

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, retomou nesta quinta-feira, 3, durante discurso em evento do Goldman Sachs, em São Paulo, a ideia contida nos últimos documentos da instituição: a de que o fator de risco principal é a incerteza sobre a velocidade do processo de reformas.

Para o presidente do BC, também é preciso monitorar "o ritmo de recuperação da economia, que pode ser mais (ou menos) demorado e gradual do que o antecipado". Foto: Alex Silva/Estadão

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Ele também repetiu a avaliação de que o cenário externo permanece favorável, embora haja riscos associados à normalização da política monetária em algumas economias centrais.

Ao mesmo tempo, Goldfajn lembrou que há riscos que podem reduzir a inflação. "A acentuada desinflação dos preços de alimentos e de preços industriais pode ter efeitos secundários (isto é, além do impacto direto) na inflação. Notadamente, essa desinflação pode contribuir para quedas adicionais das expectativas de inflação e da inflação em outros setores da economia", afirmou.

Para o presidente do BC, também é preciso monitorar "o ritmo de recuperação da economia, que pode ser mais (ou menos) demorado e gradual do que o antecipado". 

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Goldfajn também fez uma defesa do trabalho da instituição para conter a inflação e ancorar as expectativas. Sem citar diretamente críticas vindas de parte do mercado financeiro e de setores da indústria, de que o BC teria demorado em acelerar o processo de cortes da Selic (a taxa básica de juros), Goldfajn apresentou um gráfico com o IPCA acumulado em 12 meses e chamou a atenção para o fato de uma inflação menor não ter se materializado até o fim do ano passado.

"Em 2015, houve choque de incerteza e correção de preços administrados. A reação da economia nos últimos dois anos mais se assemelhava àquela promovida por um choque de oferta, com queda de atividade convivendo com alta de inflação", afirmou. "A ideia de que uma demanda fraca e uma ociosidade dos fatores (emprego, capital) se refletissem em uma inflação menor não se materializou até o final do ano passado", acrescentou.

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Goldfajn lembrou que a inflação acumulada em 12 meses "caiu modestamente de 10,7% em dezembro de 2015 para 9,0% em agosto de 2016, e apenas acelerou a queda substancialmente neste ano, atingindo 3,0% em junho". Para ele, este fenômeno - de uma queda de inflação mais intensa apenas a partir do fim do ano passado - tem por base os "mecanismos de defesa dos formadores de preço em um ambiente dominado pela incerteza futura, inclusive sobre a inflação nos próximos anos".

"Nesse ambiente, evita-se baixar os preços devido ao risco de os custos subirem mais rápido e levarem a prejuízos que ameacem a viabilidade dos negócios, principalmente de pequenas e médias empresas. O risco da perda no preço domina o receio de queda na quantidade vendida", avaliou o presidente do BC. "Vende-se menos, mas sem se reduzir a alta dos preços. A consequência macroeconômica desse comportamento defensivo leva a recessão a se aprofundar, sem queda na inflação."

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