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Para republicanos, tarifa sobre aço é como novo imposto

Parlamentares, defensores do livre comércio, se opuseram às medidas anunciadas por Donald Trump

Por Cláudia Trevisan e correspondente
Atualização:

WASHINGTON - Tradicionais defensores do livre comércio, parlamentares republicanos se opuseram às tarifas sobre a importação de aço e alumínio divulgadas pelo presidente Donald Trump na quinta-feira, 1º. Líderes da legenda no Congresso não foram avisados com antecedência da intenção do ocupante da Casa Branca de anunciar as barreiras.

O anúncio de Trump também o colocou em rota de colisão com integrantes de seu gabinete mais afinados com políticas pró-mercado. Foto: EFE/ Michael Reynolds

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Para muitos, a medida equivale a um novo imposto, que comerá parte do alívio dado pelo corte de US$ 1,5 trilhão em tributos aprovado em dezembro, na que foi a principal conquista legislativa dos republicanos.

“Tarifas novas e enormes desse tipo sobre a importação de aço são um grande equívoco e vão aumentar os custos para os consumidores americanos, gerar perda de empregos e incentivar a retaliação de outros países”, declarou o senador republicano Pat Toomey, da Pensilvânia, um dos Estados que lideram a produção de aço nos Estados Unidos.

Em conflito. Em um sinal do conflito entre o protecionismo de Trump e a posição histórica de seu partido, as tarifas foram elogiadas por outro parlamentar da Pensilvânia, o senador democrata Bob Casey. “Eu felicito @realDonaldTrump pelo anúncio de sua intenção de agir para proteger nossos trabalhadores siderúrgicos de países, como a China, que trapaceiam no comércio”, escreveu o parlamentar no Twitter, fazendo referência à identificação do presidente na mídia social.

++ Mundo se arma para guerra comercial em resposta às barreiras de Trump

Apesar de a China ser o principal alvo da retórica de Trump no âmbito do comércio internacional, o país não estará entre os mais afetados pelas tarifas. Medidas antidumping impostas pela administração Barack Obama reduziram o volume de importação de aço do país de 2,9 milhões de toneladas, em 2014, para 740 mil toneladas no ano passado, o que colocou a China no 11.º lugar entre os fornecedores externos do produto.

O primeiro posto é ocupado pelo Canadá, sócio dos EUA e do México no NAFTA que já anunciou que não aceitará a cobrança da tarifa. Em segundo vem o Brasil, que pediu para ser excluído da medida sob o argumento de que sua produção é complementar à dos EUA.

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Colisão. O anúncio de Trump também o colocou em rota de colisão com integrantes de seu gabinete mais afinados com políticas pró-mercado, entre os quais o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Gary Cohn, que é o principal assessor econômico do presidente.

Segundo reportagens veiculadas pela imprensa americana, Cohn esteve prestes a deixar o governo há alguns meses, mas decidiu permanecer para tentar convencer o presidente a não ceder a seus instintos protecionistas. Com sua derrota, as especulações sobre sua saída voltaram a ganhar força.

Os grandes vitoriosos com a decisão de Trump são o secretário de Comércio, Wilbur Ross, o Representante Comercial dos EUA, Robert Lighthizer, e Peter Navarro, assessor do presidente para política comercial e industrial. Em comum, eles nutrem hostilidade em relação à China e defendem a redução drástica do déficit comercial americano.

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