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Para reverter déficit, Rússia planeja maior onda de privatizações em 20 anos

Foram colocados à venda pelo menos US$ 30 bilhões em ações de algumas das maiores companhias russas 

Por Ligia Sanchez e da Agência Estado
Atualização:

A Rússia está ampliando os planos para sua maior onda de privatizações desde a década de 1990, colocando à venda pelo menos US$ 30 bilhões em ações de algumas de suas maiores companhias, de acordo com o Ministério de Finanças. O país procura levantar recursos, após acumular seu primeiro déficit de orçamento em quase dez anos, na esteira da mais profunda contração econômica enfrentada pelo país em 15 anos.

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A imprensa russa afirmou que ações poderiam ser vendidas na petroleira estatal OAO Rosneft, no banco de poupança nacional OAO Sberbank, no segundo maior grupo de empréstimos VTB Group, no banco agrícola Rosselkhozbank, na hidrelétrica OAO RusHydro e na operadora ferroviária OAO Russian Railways.

Reportagens informam que o governo também estava considerando a venda da operadora de oleoduto OAO Transneft, que atualmente tem ações preferenciais negociadas em bolsas, mas cujas ações ordinárias estão com o Estado russo. Mas uma fonte da Transneft afirmou à Dow Jones que a empresa foi excluída da lista de privatização em uma reunião, na semana passada. De acordo com o Citigroup, a venda das ações ordinárias da Transneft para investidores deve ser recusada por seus dirigentes e provavelmente por autoridades do governo que supervisionam as tarifas e operações da companhia.

Mas, a Rússia evitará o erro cometido na década de 1990, quando suas privatizações levaram o controle de ativos importantes a um pequeno grupo de poderosas oligarquias que se tornou muito forte individualmente. Desta vez, o Estado reterá cerca de 50% de cada companhia que vender.

O serviço de comunicação do Ministério de Finanças confirmou que os planos de privatização serão abordados em uma reunião do governo que será realizada em breve. "A lista existe, mas é apenas uma proposta. Ainda não foi aprovada pelo governo", afirmou um porta-voz.

De acordo com o Ministério de Finanças, o déficit orçamentário da Rússia está projetado para diminuir de cerca de 5% em 2010 para 2,9% em dois anos. Mas analistas acreditam que os gastos devem aumentar à medida que o governo destinar dinheiro a programas sociais antes das eleições de 2012. O primeiro-ministro Vladimir Putin defendeu que os déficits serão erradicados até 2015.

No ano passado, o governo ofereceu sua primeira lista de candidatos à privatização. Os ativos naquela lista, compostos principalmente de portos marinhos e companhias de navegação avaliados em um total de US$ 2,7 bilhões, foram muito mais modestos que as gigantes nacionais atualmente em discussão.

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A notícia deverá impulsionar os preços das ações existentes de quaisquer das companhias da lista e o mercado de ações russo como um todo, na opinião da empresa de corretagem Unicredit. A venda de ativos também pode levar a fluxos de entrada de capital maiores no país, resultando em um rublo forte. As ações preferenciais da Transneft subiram 6,7% hoje, as do Sberbank fecharam em alta de 1,23% e o índice Micex terminou o dia com ganho de 1,2%. As informações são da Dow Jones. 

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