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Para secretário, desafio é incorporar jovens ao mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

A taxa de desemprego recorde na região metropolitana de São Paulo registrada pelo Seade/Dieese no mês de abril, de 20,4%, é um dado que não deve ser avaliado de forma isolada, segundo o secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, Jacques Marcovitch. Ele destaca que pesquisa do mesmo órgão mostra que a intenção de investimentos de 2000 a 2001 cresceu 6%, em comparação com 1999, no Estado de São Paulo. "Esse número significa que existem investimentos, tanto na capital quanto no interior", afirma Marcovitch. De qualquer forma, as últimas iniciativas da administração estadual demonstram que o governo paulista não está satisfeito com a situação. O governador Geraldo Alckmin reuniu ontem os maiores exportadores do Estado para discutir medidas como o aumento da oferta de crédito, diminuição de tributos, melhora da infra-estrutura e eliminação de entraves burocráticos. O secretário de Ciência e Tecnologia de São Paulo, Ruy Altenfelder, afirmou que o objetivo é a criação de empregos em quantidade bem maior do que a registrada até agora. Marcovitch destaca que, em abril, foram criados 31 mil postos de trabalho na região metropolitana, mas 97 mil pessoas ingressaram na PEA (população economicamente ativa). A taxa de 20,4% reflete esse déficit de 66 mil vagas. "Esse é o desafio: incorporar no mercado de trabalho os jovens, que entram mais cedo, e na outra ponta, manter os mais velhos, que aos 60 anos e saudáveis, estão dispostos a permanecer na ativa, seja por necessidade financeira ou saúde mental, porque têm um projeto de vida que inclui uma profissão." A mudança do perfil demográfico, segundo Marcovitch, vai exigir uma releitura da oferta de mão-de-obra. Outra viés a ser analisado em relação ao recorde de desemprego na região metropolitana é a opção das indústrias pelo interior. "Na região metropolitana os investimentos são de expansão e criam menos empregos; no interior, são novas unidades com mais vagas. A urbanização acabou criando constrangimentos pelos quais muitas famílias e indústrias não querem passar, daí a desconcentração e transformação do perfil dessa região, de industrial para pólo de serviços e turismo", explica. O papel do Estado, entende Marcovitch, não é o de induzir o investidor para essa ou aquela região ou cidade, mas tem sido o de assegurar infra-estrutura, a diminuição das desigualdades sociais, via educação e saúde, e na questão do emprego, apresentar programas como o do Banco do Povo, as frentes de trabalho, Meu Primeiro Emprego. "Agora, a decisão do investimento é exclusivamente da empresa." Difícil saída Marcovitch destaca que não há uma única solução para resolver a questão do desemprego nem descarta paliativos, mas discorda das generalizações. Para ele, na prática, a flexibilização das leis trabalhistas, a requalificação profissional por conta da modernização tecnológica e a redução da jornada de trabalho não são garantias, nem argumento. "A legislação deve ser modernizada, sem dúvida, mas mantendo-se as metas de ´trabalho decente´ estabelecidas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT)." Ele lembra que a oferta maior do que a demanda, que pode levar à prática da flexibilização total, com ausência de responsabilidade social, acaba se revertendo contra o próprio empregado. "O extremo da flexibilidade não significa saúde, nem para o Brasil nem para São Paulo", disse Marcovitch. Não custa lembrar, segundo o secretário, que "por mais tecnologia que se tenha, o que irá determinar a competitividade de uma empresa são os recursos humanos, até para escolher a tecnologia que será adotada."

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