PUBLICIDADE

Governo Dilma está por um fio, diz Aécio

Com a perda do grau de investimento do País pela S&P, senador avaliou que presidente está sitiada; para José Serra, rebaixamento se deu mais pela crise política do que pelo quadro econômico

Por e Ricardo Brito
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), avaliou nesta quinta-feira, 10, que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) "está por um fio", com o agravamento da crise econômica e após a perda do grau de investimento pela agência Standard & Poor's. "Temos hoje uma presidente sitiada e um governo que não governa mais", disse em entrevista a jornalistas no Senado. Para seu correligionário, José Serra, a decisão da S&P se deu mais por conta da crise política do que pelo cenário econômico no País. 

Aécio citou, além do agravamento da crise econômica, o "esgarçamento da crise política" para justificar a avaliação e cobrou cortes do governo federal. Para o tucano, há um sentimento de ingovernabilidade no País e até mesmo setores da iniciativa privada, antes solidários ao governo, perderam a confiança em Dilma. "Estamos, como todos brasileiros perceberam, vivendo hoje o caos anunciado", afirmou. 

O senador Aécio Neves citou o 'esgarçamento da crise política' e cobrou cortes do governo federal Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

Ele reafirmou que a presidente, que o derrotou na eleição presidencial em 2014, sabia do agravamento da crise desde a primeira metade do ano passado, mas não tomou medidas necessárias e impopulares para a correção. "A presidente ampliou os gastos. Não quis perder popularidade para vencer as eleições e nos colocou nessa crise profunda."

Aécio criticou ainda o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, por ele ter afirmado que os gastos discricionários do Orçamento estão retornando ao mesmo patamar de 2013. "É verdade, mas esse retorno ao patamar de 2013 é corte de investimentos públicos. O ajuste do governo se dá por corte de investimentos e aumento de tributos", frisou o senador, reafirmando a posição contrária do PSDB sobre reajustes tributários.

O presidente do PSDB disse que não será a oposição a indicar ao governo de onde virão os cortes e emendou: "Não podemos, até porque perdemos a eleição, subir a rampa do Palácio do Planalto e começar a governar. Não podemos fazer aquilo que ela não está fazendo."

No entanto, o partido fará, na próxima quinta-feira (17), um seminário, no Senado, sobre a crise econômica. Estarão previstas as presenças, segundo Aécio, dos ex-presidentes do Banco Central Armínio Fraga e Gustavo Franco, dos economistas Marcos Lisboa, Mansueto Almeida e Samuel Pessôa, além do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

'Não podemos, até porque perdemos a eleição, subir a rampa do Palácio do Planalto e começar a governar', Aécio Neves (PSDB)

Indagado se iria se engajar no movimento pró-impeatchment da presidente Dilma, Aécio disse que a iniciativa é da sociedade, apesar de ter a simpatia de parlamentares do PSDB. "O movimento não é do PSDB e parte do pressuposto que o governo perdeu as condições de governabilidade. É legítimo, constitucional, mas é da sociedade", disse.

Publicidade

Crise política. O senador José Serra (PSDB-SP) considerou que a decisão da S&P decorre mais da crise política no País, pois se trata menos de fatores relacionados à recessão econômica. "A economia brasileira não vai bem, mas o fundamental foi a política", afirmou.

O tucano disse não vislumbrar melhora na economia porque o governo atravessa um momento de fragilidade política. Para ele, ao fazer uma avaliação de conjunto, falta unidade na gestão federal. "Hoje não dá nem para torcer porque não se sabe o que o governo quer", disse.

Serra, que foi derrotado nas eleições presidenciais de 2010, avaliou que é papel de quem está no Executivo decidir. E que não se pode ficar testando a eventual viabilidade de medidas, como aumento de impostos. "O que não pode ter é balão de ensaio", destacou, ao citar, por exemplo, as idas e vindas sobre a criação de uma nova CPMF. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.