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Parcela de jovens pobres desempregados é o dobro dos ricos

Jovens mais pobres têm mais dificuldade para conseguir emprego. Contudo, entre emprego e educação, são obrigados a ficar com a primeira opção.

Por Agencia Estado
Atualização:

Jovens mais pobres têm mais dificuldades para entrar no mercado de trabalho. Em 2004, nas seis regiões metropolitanas em que a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) é realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre os jovens mais pobres, o percentual de desempregados é o dobro do apurado entre os jovens de renda mais elevada. Este fato acaba por auto-alimentar a situação de pobreza desse segmento familiar. A taxa de desemprego para os jovens mais pobres situava-se entre 67,1%, na Grande Salvador e 58,5%, na Região Metropolitana de São Paulo, em 2004. Já, para os jovens originários das famílias com maior poder aquisitivo, as taxas de desemprego são muito inferiores: Porto Alegre (18,8%), São Paulo (22,1%), Belo Horizonte (26,5%), Recife (31,1%) e a maior também em Salvador (34,4%). Entre a escola e o trabalho O poder aquisitivo dos jovens também influencia na escolha entre a escola e o mercado de trabalho. Em 2004, nas regiões investigadas pelo Dieese, pode-se observar que, em geral, os jovens de origem mais abastada tendem à permanência na escola, enquanto entre os jovens de famílias mais pobres, verifica-se o oposto. É preciso destacar que a fase compreendida entre os 16 e os 24 anos é uma das mais críticas, pois, nesse curto intervalo de vida das pessoas, geralmente tende a ocorrer a conclusão da formação escolar e o ingresso na vida profissional. Assim, os sucessos escolares e ocupacionais nessa faixa etária têm importância destacada, refletindo-se e determinando o restante da vida do trabalhador. Vale destacar ainda que a tentativa de harmonizar a vida estudantil com o desempenho de alguma ocupação mostra-se frustrada para uma parcela expressivamente maior de jovens de famílias pobres. Dois aspectos explicitam esta dificuldade. De um lado, é maior proporção de jovens pobres entre os que estudam e procuram trabalho. Na Região Metropolitana de São Paulo, por exemplo, 13,4% dos jovens de famílias de menor renda estão nesta situação, enquanto entre os mais ricos, apenas 8,7%. Por outro lado, o ingresso no mercado de trabalho mediante o abandono da condição de estudante (jovens que só trabalham e/ou procuram trabalho) também é mais freqüente entre os oriundos de famílias de renda mais baixa. Em 2004, este percentual atinge 47,9% dos jovens pobres de São Paulo, contra 45,9% dos jovens mais ricos. Pobreza também influencia parcela de jovens inativos Ainda mais grave, porém, é a elevada parcela de jovens provenientes das famílias mais pobres que sequer conseguiram manter um dos elementos importantes para a inclusão presente e futura, ou seja, a escola ou o ingresso na força de trabalho. Essa parcela de jovens inativos, em situação de vulnerabilidade, que dedicam seu tempo exclusivamente aos afazeres domésticos e outras atividades, atingiu o patamar mais elevado nas áreas metropolitanas de Recife (25,0%) e Porto Alegre (20,1%), no ano analisado.

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