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Parlamento grego analisa nesta quinta terceiro pacote de socorro

Tsipras vai precisar do apoio de deputados da oposição para aprovar uma série de 35 reformas até 2018

Por Andrei Netto
Atualização:

PARIS - O Parlamento da Grécia deve votar nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira o pacote de resgate de € 85 bilhões selado entre o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras e a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).  O premiê deve mais uma vez contar com o apoio de deputados da oposição de partidos de centro e direita para aprovar o memorando, que prevê uma série de 35 reformas e medidas de austeridade até 2018.  Ontem, o governo enviou ao Parlamento o texto do acordo de resgate. Mais uma vez o entendimento provocou racha na Coalizão Radical de Esquerda (Syriza), partido de Tsipras. Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou confiança na aprovação. “Apesar dos obstáculos que alguns querem colocar diante de nós, estou otimista de que vamos chegar a um acordo de empréstimo da parte do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que colocará um fim à incerteza econômica”, afirmou o premiê, ao final de uma reunião com ministros da área econômica.

Discrição. Tsipras faz críticas veladas a governos europeus Foto: Thanassis Stavrakis/AP

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Tsipras também fez novas críticas indiretas a governos europeus que viram com ceticismo o acordo sobre o novo programa de resgate. “Alguns gostariam de usar a Grécia como pretexto para reordenar a zona do euro. Vamos provar que os que duvidam de nós estão errados e vamos reconstruir o país.” A aposta de vitória na votação no Parlamento, entretanto, pode custar caro a Tsipras. Em Atenas, cresce a probabilidade de um racha formal no Syriza, o que daria origem a um novo partido de esquerda radical, com 30 a 40 deputados - o suficiente para acabar com a maioria que o premiê tem no legislativo. Ontem, o deputado e ex-ministro Costas Isichos afirmou que a vitória no novo memorando no Parlamento pode levar a um “divórcio imediato”. “Nós estamos enfrentando desenvolvimentos políticos maiores, nos quais o front do ‘não’ pode tomar forma”, advertiu.  Caso a base de sustentação de fato rache, Tsipras será obrigado a convocar novas eleições legislativas, o que poderia acontecer até setembro. Outro percalço no caminho do acordo é a necessidade de aprovação pelos parlamentos nacionais. Ontem o porta-voz do governo da Alemanha, Steffen Seibert, afirmou que ainda não há previsão de quando o o legislativo em Berlim poderá avaliar o acordo. Já em Paris, a análise só deve ter caráter simbólico.

Para lembrar. O plano de resgate firmado na terça-feira por Atenas, Bruxelas e Washington é o terceiro que a Grécia assinará desde 2010.  Nos dois primeiros, o valor chegou a € 240 bilhões, mas não impediram o default de pagamentos ocorrido em 1.º de julho, o primeiro calote da história de um país desenvolvido em todo o mundo. Na terça-feira, negociadores europeus confirmaram que os credores internacionais - Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional - querem chegar a um acerto antes do dia 20.  Para tanto, é preciso buscar a um consenso também sobre os termos do reescalonamento da dívida da Grécia, de cerca de € 320 bilhões e considerada insustentável por Atenas e também pelo FMI. 

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