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Passageiros sentem efeito da crise da Avianca Brasil

Com viagens marcadas para maio, consumidores ainda não sabem se vão embarcar; reclamações no Procon-SP contra empresa aumentaram 93%

Foto do author Luciana Dyniewicz
Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

A crise financeira na qual a Avianca Brasil mergulhou no fim do ano passado vem sendo sentida pelos passageiros, que enfrentam dificuldades para embarcar. Nos primeiros nove dias de abril, foram registradas 442 reclamações contra a empresa aérea no site ReclameAqui. O número já representa 55% do total do mês anterior. De todas as queixas feitas em abril até agora, 42% são por cancelamento de voos.

No Procon-SP, também são crescentes as reclamações. No primeiro trimestre, foram 87 – aumento de 93% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre as principais contestações, estão rescisão de contrato de forma unilateral e propaganda enganosa.

Em recuperação judicial, Avianca tem dívida de R$ 2,7 bilhões Foto: Fabio Motta/Estadão

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Há risco de a Avianca falir?

Devendo cerca de US$ 150 milhões (R$ 580 milhões) para as donas dos aviões que aluga, a Avianca precisou devolver parte das aeronaves de sua frota, e consequentemente, reduzir sua malha aérea. O plano de recuperação da companhia já foi aprovado pelos credores. Porém, se a empresa perder os aviões e não puder mais voar, há risco de falência.

Em janeiro, a companhia anunciou que os voos para Nova York, Miami e Santiago seriam descontinuados a partir de abril. No mês passado, a companhia informou também que 21, das suas 53 rotas domésticas, seriam canceladas.

Agora, passageiros que tinham viagem marcada nessas rotas sofrem para conseguir reembolso ou voar por outra empresa. O aposentado Antônio Xavier Alves, de 66 anos, planeja embarcar em 15 de maio para Nova York com a mulher, a filha e o genro.

Cada um deles pagou cerca de R$ 1.600 na passagem, comprada em uma promoção em setembro do ano passado. A família também já gastou R$ 13 mil em hospedagem, mas, até agora, não sabe como fará para chegar nos Estados Unidos.

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Alves conta que soube da crise da Avianca Brasil pela televisão, em fevereiro e, logo em seguida, entrou em contato com a empresa para saber qual era a situação do voo. “Primeiro, disseram que resolveriam em março. Ontem, falaram que vai ser até o fim da semana. Já não acredito mais. Só nos enrolam desde fevereiro.”

O aposentado pensou em pedir reembolso e, com o dinheiro, comprar as passagens em outra companhia. Como está em cima da hora, no entanto, o preço está muito mais alto e acaba não valendo a pena, diz.

A paulista Inaê Bragagnoli, de 21 anos, está na mesma situação de Alves: iria para Miami no próximo dia 3 para a formatura de uma amiga. Por enquanto, a Avianca não apresentou nenhuma solução para ela. “A gente liga lá e eles falam que vão retornar, mas não entram em contato”, diz. “No começo, falaram que remarcariam faltando um mês para a viagem. Agora, disseram que será no começo de maio, mas a gente viajaria no começo de maio.”

Caso a Avianca não faça o voo, é possível trocar a passagem na hora em outra companhia?

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De acordo com o Procon-SP, em caso de cancelamento de voo, o passageiro tem direito a ser acomodado em outro voo, sem qualquer despesa adicional, ou a ser reembolsado integralmente. A empresa que cancelou o voo é responsável por reacomodar o passageiro.

Caso isso não ocorra, o consumidor deve procurar o Procon. Prejuízos decorrentes do cancelamento da viagem, como perda de compromisso de trabalho ou reserva de hotel, devem ser reclamados na Justiça.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa que alterações contratuais por parte de uma empresa aérea precisam ser comunicadas ao viajante até 72 horas antes da data do voo.

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Caso o passageiro compareça ao aeroporto em decorrência de falha na prestação da informação, a companhia também deverá oferecer alimentação e hospedagem.

Procurada, a Avianca Brasil disse que os passageiros com bilhetes comprados para as rotas que estão sendo encerradas serão contatados pela empresa. Acrescentou que está cumprindo com a resolução da Anac que determina o reembolso ou o acomodação do passageiro em outro voo. A companhia criou um site para tirar dúvidas dos passageiros.

A companhia informa que, caso o passeiro tenha comprado passagem para um dos destinos cancelados, poderá optar entre receber o reembolso integral ou ser reacomodado em voo de outra companhia. A empresa informa um site para quem preferir pedir a reembolso antes de ser procurado: clique aqui

De acordo com a Avianca, o prazo para receber o dinheiro da passagem de volta é de sete dias e, se o bilhete tiver sido pago com cartão de crédito, o estorno deve aparecer na fatura seguinte.

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