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Pastore: crise argentina não é o fim do poço

Segundo o ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, caso a Argentina não consiga honrar suas dívidas, o Brasil sofrerá, no máximo, um menor crescimento econômico.

Por Agencia Estado
Atualização:

O economista e ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, analisou a hipótese do "cenário de estresse" para a situação argentina, no qual a crise chegaria ao seu ponto máximo, ou seja, a impossibilidade de a Argentina financiar suas contas (default). Segundo ele, se isso realmente ocorrer, não será o fim do mundo para o Brasil. Segundo Pastore, os reflexos no Brasil seriam limitados a uma retração na economia em 2001 - em lugar dos 4% do Produto Interno Bruto (PIB), crescimento zero -, mas a recessão estaria descartada. "A situação hoje é muito diferente do que acontecia durante a crise russa. Não há perspectivas de risco, nem de recessão. O máximo que pode acontecer serão quatro pontos de queda nas projeções, justamente o que o Brasil poderia crescer. Ou seja, fecharia o ano com crescimento zero ou até com uma pequena taxa positiva, como resultado do desempenho deste ano." A desaceleração na economia brasileira seria provocada por um aumento na taxa de juro, ajuste necessário para equilibrar a pressão inevitável sobre o câmbio, segundo Pastore. A equipe econômica seria levada a essa opção para manter a inflação dentro da meta comprometida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), de 4% em 2001. Para o economista, a taxa básica de juros - Selic - poderia voltar ao nível de 22% ao ano - hoje, está em 16,5%. A conseqüência seria o encarecimento do crédito, do capital de giro, dos investimentos. Seja como for, Pastore avalia que o choque dos juros não será comparável ao que aconteceu em 1997, com a crise asiática, ou em 1998, com a russa. No primeiro caso, houve elevação do risco Brasil de 500 pontos básicos para 1.200. No segundo, esse risco elevou-se de 600 pontos básicos para 2.000. Hoje, a diferença fundamental está no regime do câmbio flutuante. É o real que sentirá diretamente, e em primeiro lugar, os efeitos de um eventual agravamento da crise argentina. No passado, com o câmbio fixo, toda a sobrecarga foi sobre a taxa de juros.

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