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'Pedidos estão voltando e não é uma bolha'

Há três meses, Honeywell vê retorno das encomendas

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Após oito meses de exportação "zerada" para uma multinacional da Europa, para onde enviava mensalmente 1,5 mil turbos a diesel de veículos, a Honeywell voltou a receber encomendas da cliente europeia, a Perkins, no mês passado.

 

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Pedidos de compradores da América do Sul, onde está a maior clientela da empresa, estão voltando aos níveis do período anterior à crise internacional, afirma o gerente de vendas e marketing para a América Latina, Ricardo Rampaso.

 

"Estamos percebendo o retorno das encomendas há três meses, o que significa que não é uma bolha", diz Rampaso. Na região, estão mais consistentes os pedidos da Colômbia, Peru, Chile, Bolívia e até mesmo da Argentina. No auge da crise, as exportações da Honeywell caíram 32% na comparação com o mesmo período do ano passado. Hoje, estão entre 15% e 16% inferiores aos números de 2008.

 

No ano passado, a Honeywell exportou US$ 15 milhões em turbos para o mercado de reposição, um recorde para a empresa que tem fábrica em Guarulhos (SP) e emprega 230 funcionários. Para este ano, a previsão é atingir US$ 10 milhões. "Certamente empataríamos ou até ampliaríamos as exportações não fosse a crise", lamenta Rampaso.

 

Apesar do alívio com a retomada das vendas externas, que respondem por 25% da produção local, Rampaso reclama que a lucratividade das vendas externas está muito baixa, por causa do câmbio. "A taxa do dólar preocupa muito, pois nos níveis atuais está corroendo a lucratividade", diz.

 

A retomada verificada na Honeywell e em outras empresas ainda não é suficiente para alterar os dados negativos do setor. De acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), o setor contabiliza queda de 44% nas vendas externas de janeiro a agosto deste ano, com um saldo de US$ 3,9 bilhões.

 

As fabricantes de veículos também não veem ainda uma recuperação nas vendas externas. Mesmo com a pequena alta de 0,5% nos valores exportados em setembro, ante agosto, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê um ano difícil no mercado externo. De janeiro a setembro, as exportações do setor somaram US$ 5,56 bilhões, 48,3% a menos que em igual período do ano passado.

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"O mercado lá fora encolheu, diante da crise internacional, e, por enquanto, não há qualquer sinal de retomada", disse o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. Em unidades, foram exportados neste ano 326,8 mil veículos, queda de 42,8% na comparação com 2008.

 

As exportações respondem atualmente por cerca de 15% da produção nacional de veículos, participação que já superou os 20% em anos anteriores.

 

De acordo com os dados da Anfavea, as exportações deverão encerrar 2009 com queda de 45% em relação ao ano passado, quando foram exportados 735 mil veículos. A previsão para este ano é de 400 mil unidades. Segundo a entidade, como os contratos são de longo prazo, não é possível mensurar mudanças de tendências no curto prazo.

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