28 de maio de 2018 | 14h05
RIO - O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, distribuiu uma carta aos empregados da empresa nesta segunda-feira, 28, na tentativa de conter a greve de 72 horas marcada para a próxima quarta-feira.
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No texto, Parente argumenta que a decisão de reajustar os preços dos combustíveis diariamente em linha com o mercado internacional foi tomada em defesa da companhia e para evitar o crescimento da dívida.
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O executivo inicia e conclui a carta questionando a contribuição dos funcionários para o fim dos protestos dos caminhoneiros. "Como a Petrobrás e a sua força de trabalho podem melhor ajudar o Brasil neste momento?", questiona.
Em seguida, o presidente da Petrobrás responde: "Não acreditamos que seja com paralisações e pressões para redução de nossos preços. Em nosso entendimento, isso teria justamente o efeito contrário: seria um retrocesso em direção ao aumento do endividamento, prejudicando os consumidores, a própria empresa, e, em última instância, a sociedade brasileira. Assim, neste grave momento da vida nacional, convidamos todos a uma cuidadosa reflexão", afirma Pedro Parente, no documento que inicia chamando os funcionários de "caros colegas".
A paralisação dos petroleiros foi definida no último sábado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP). O sindicato já vem realizando assembleias nas unidades operacionais da empresa desde o mês passado e obteve a autorização dos empregados para a mobilização.
Por enquanto, o protesto tem período definido, de três dias, por isso é considerado apenas de advertência. Mas outra paralisação por tempo indeterminado ainda está sendo organizada.
A FUP apresentou cinco pontos de reivindicação à direção da empresa. Entre elas está o pedido de demissão de Parente, além da mudança na política de preços, com redução dos valores cobrados nas refinarias.
Parente, na carta aos funcionários, classifica a atuação da direção da companhia como "firme e diligente". Ele ainda justifica a adoção da atual política de preços e diz que a recuperação financeira da companhia é a melhor contribuição a ser dada à sociedade, com a geração de emprego e desenvolvimento.
"Uma Petrobrás com menos dívidas, com mais investimentos e mais geração de empregos se faz com a defesa dos seus reais interesses e isso demanda ação firme e diligente dos seus dirigentes, com o indispensável apoio de sua força de trabalho. Como citamos acima, isso não é colocar a empresa antes do País ou dos consumidores ou ficar apegado a dogmas. Pelo contrário, quanto mais financeiramente saudáveis formos, melhor cumpriremos o nosso papel social de empresa que investe, produz, contrata e gera desenvolvimento", disse.
Assim como vem afirmando desde que a greve dos caminhoneiros foi iniciada, Parente repete que a estatal não é a única responsável pela formação dos preços dos combustíveis e destaca os impostos que incidem sobre a gasolina e diesel e contribuem com os caixas dos governos dos Estados e federal. "Culpar a Petrobrás pelos preços considerados altos nas bombas é ignorar a existência dos outros atores, responsáveis por dois terços do preço da gasolina e metade do preço do diesel. Eles também precisam colaborar com a solução".
Reação. Segundo o diretor de Comunicação da FUP, Alexandre Finamori, o comunicado não surtiu efeito entre os funcionários. “A categoria está bem mobilizada”, disse. No comunicado, a categoria ainda contesta a presença de unidades das Forças Armadas em instalações da Petrobrás.
Sindicalistas realizaram já nesta segunda-feira manifestações em preparação à greve de advertência marcada para a próxima quarta-feira. Por enquanto, o protesto se limitou a um atraso na troca do turno da manhã. Além disso, representantes da FUP se mantêm na porta de refinarias mobilizando empregados a aderir à paralisação desta semana.
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