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Pela 1ª vez, analistas vêem IPCA acima de 6% em 2008

Expectativa para índice oficial de inflação sobe pela 13.ª semana seguida

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

As projeções para a inflação em 2008 não param de subir e a aposta dos analistas se aproxima cada vez mais do teto da meta para o ano. A pesquisa semanal do Banco Central (BC) com analistas mostra que a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano subiu de 5,80% para 6,08%. Essa foi a 13ª semana de elevação seguida, e a primeira vez que o número supera os 6%. A meta do País é de 4,5% para o ano, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, disse que a subida reflete o aumento dos preços em ritmo mais forte que o esperado inicialmente. "A tendência de alta ainda não foi interrompida. É preciso ver os números de junho e julho para ver se o IPCA deve ficar dentro na meta ou se pode superar os 6,50%." Veja especial sobre a crise nos preços dos alimentos ao redor do mundo Entenda os principais índices utilizados para medir a inflação no Brasil Segundo ele, o foco dos analistas vai continuar sobre os alimentos - principal fonte de pressão nos últimos meses. Por entrar em período de entressafra, a carne deve ter novos aumentos nas próximas semanas. "Também é preciso observar os grãos, como arroz e feijão, e produtos in natura, como o leite", afirmou o economista. O alerta com a inflação também aparece em outros indicadores. Para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), a projeção saltou de 9,96% para 11,02% em 2008. O aumento reflete, principalmente, o peso dos produtos agrícolas e industriais no atacado. Na semana passada, as estimativas para o IGP-M já haviam superado os dois dígitos (exatamente 10%). Nas projeções desta semana, a expectativa avançou para 10,36%. Além do risco de a inflação de 2008 superar a meta, o mercado continua elevando as apostas para o IPCA para o próximo ano. Segundo a pesquisa Focus, a expectativa subiu de 4,63% para 4,78%, segunda alta seguida. Apesar do risco para a inflação, o mercado manteve a expectativa de que o juro básico da economia deve encerrar o ano em 14,25%, o que indica aumento de dois pontos porcentuais até dezembro. Para 2009, porém, analistas estão mais pessimistas com o eventual desaperto monetário e a estimativa para o juro no fim do próximo ano subiu de 12,75% para 13%. Assim, o juro cairia apenas 1,25 ponto no decorrer de 2009, contra aposta de 1,50 ponto na semana passada. A outra preocupação dos analistas para 2009 mora nas tarifas públicas, os chamados preços administrados. O mercado tem elevado a previsão de aumento desses preços e nessa semana a expectativa passou de 4,68% para 4,80%. O aumento é resultado da disparada dos IGPs, índices que reajustam a maioria das contas, como eletricidade e telefonia.

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