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Pela manhã, M. Lynch rebaixa Bovespa. À tarde, diz que mercado exagera

A agência também ignora as últimas pesquisas de intenção de voto e diz que Lula e Serra têm chances iguais de vitória

Por Agencia Estado
Atualização:

No mesmo dia em que a Merrill Lynch rebaixou sua recomendação para a Bovespa de "overweight" (peso acima da média) para "marketweight" (peso na média), a instituição distribuiu um relatório em que afirma que o mercado exagera no pessimismo em caso de vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. "Nós acreditamos que o mercado tende a ser excessivamente pessimista sobre os resultados econômicos de um governo Lula", diz o relatório assinado pelo economista-chefe da Merrill Lynch para a América Latina, Miguel Palomino, apostando que o PT adotará políticas apropriadas, caso eleito, até pelas limitações existentes. Ao traçar as projeções para um "cenário benigno" em caso de vitória de Lula contra um cenário básico de projeções, a Merrill Lynch prevê crescimento do PIB de 1,1% em 2003, contra 3,2% no cenário básico. Neste cenário Lula, o câmbio fecharia 2003 em R$ 3,25 contra R$ 2,70 no cenário básico. O superávit comercial seria melhor no governo Lula do que no cenário positivo, com, respectivamente, US$ 20,2 bi contra US$ 12,2 bi, repercutindo, naturalmente, num déficit em conta corrente também menor (US$ 4,1 bi contra US$ 12,6 bi). O superávit comercial no governo Lula viria basicamente da queda das importações. Em contrapartida, a inflação no governo Lula bateria 11,1% em 2003, contra 4,6% no cenário básico. A relação dívida/PIB no governo Lula subiria para 65,3% em 2003, contra 53,9% no cenário básico da insitituição. Lula e Serra com chances iguais No relatório distribuído pela Merrill Lynch, o economista Miguel Palomino argumenta também que o mercado "superestima" as chances de vitória de Lula no segundo turno da eleição presidencial. Segundo ele, o petista e o candidato José Serra (PSDB) têm chances iguais de serem eleitos. O relatório ignora os resultados das pesquisas de intenção de votos para o segundo turno, divulgados neste fim-de-semana. Pelo Datafolha, Lula tem 26 pontos porcentuais de vantagem sobre o tucano. Limitações fiscais, volatilidade doméstica e o mercado global impõem dificuldades para os governantes brasileiros, de acordo com o relatório, mas o principal desafio é a política econômica em si. "Nós entendemos que a política econômica tende a ser apropriada e, se for, a economia brasileira deve conseguir enfrentar a atual crise, com o suporte dos fundamentos que são muito mais fortes do que são usualmente reconhecidos", afirma o relatório da Merrill Lynch. A Merrill Lynch aposta também que, em caso de vitória, Lula terá de obter apoio do PSDB e do PMDB no Congresso Nacional. Essa composição, de acordo com a instituição, reforça a aposta em uma política mais moderada que asseguraria a continuidade dos pontos essenciais da atual equilíbrio macroeconômico. Mesmo se a ala mais radical do PT resistir a essa opção, o relatório pondera que a nova composição do Congresso não aponta outra escolha possível. A expectativa da instituição para a escolha de uma equipe econômica no caso de vitória de Lula também é positiva. "Nós esperamos que a maioria das escolhas para postos relevantes do governo serão aceitas pelo mercado", diz o relatório. No caso das principais posições, como a presidência do BC e o Ministério da Fazenda, a Merrill Lynch espera profissionais competentes e experientes que dêem sinais claros de que terão autoridade para formular políticas consistentes sem interferência política.

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