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Penhor é opção de crédito barato, mas tem riscos

Conseguir empréstimo pessoal com juros abaixo do mercado não é tarefa fácil. O penhor de jóias surge como uma boa opção. Mas, apesar de apresentar juros menores, a taxa média total da operação pode ser de 5% do valor do empréstimo.

Por Agencia Estado
Atualização:

À primeira vista, o penhor parece uma boa saída para quem precisa de crédito pessoal devido aos juros menores que os de mercado. Mas há o risco de perder o bem na operação caso o empréstimo não seja pago dentro do prazo. Isso sem contar o desconto da avaliação, juros, taxas e encargos deste tipo de contrato, que oneram o valor do empréstimo. O pagamento dos juros e encargos, aliás, deve ser feito antecipadamente, ou seja, estes valores são deduzidos do valor total do empréstimo na hora da contratação. A perda é grande para quem não paga ou, o que é mais comum, adia o pagamento, e todos os custos - juros, taxas e encargos - devem ser pagos novamente a cada prorrogação. O primeiro desconto é o limite máximo do empréstimo, que equivale a 80% do valor da avaliação do bem. Além dos juros, ainda existem outras taxas a serem cobradas, dependendo do prazo de contratação que pode ser de 28, 56 e 84 dias. São elas: prêmio de seguro global - calculado sobre o valor de avaliação, garante o pagamento de 1,5 vezes da avaliação das jóias no caso de sinistro (roubo, furto ou extravio) -, prêmio de seguro de vida - calculado sobre o valor do empréstimo, quita a dívida no caso de falecimento do cliente - e tarifa de abertura e renovação de crédito (Tarc), cobrada no ato da concessão sobre a avaliação. Mesmo com juros menores - 2,95% ao mês para empréstimos até R$ 300 e 3,5% ao mês para valores superiores a este limite -, os encargos da operação somados elevam o pagamento e podem representar cerca de 5% do valor do empréstimo, variando de acordo com o prazo de contratação. Veja na tabela abaixo os valores dos encargos para cada prazo. Prazo Seguro Global Seguro de vida Tarc 28 dias 0,5106% sobre 150% da avaliação 0,0507% sobre o empréstimo 0,6% sobre a avaliação 56 dias 0,8727% sobre 150% da avaliação 0,0760% sobre o empréstimo 1,1% sobre a avaliação 84 dias 1,4058% sobre 150% da avaliação 0,1183% sobre o empréstimo 1,6% sobre a avaliação Exemplo de custos do empréstimo Por exemplo, se a avaliação do bem ficou em R$ 500, o valor do empréstimo (80%) somará R$ 400. Todos os encargos e juros são subtraídos imediatamente desse montante. Supondo-se um prazo de 28 dias, os juros ficam em torno de 3,5% ao mês. Assim, o cliente pagará R$ 13,08 em juros. Pelos seguros somados, pagará R$ 4,03 - 0,0507% de seguro de vida e seguro global, cobrado sobre 1,5 do valor da avaliação de 0,5106% -, mais a Taxa de Abertura ou Renovação de Crédito no valor de R$ 3,00 (0,6%). Ao todo, serão subtraídos R$ 20,11 e, ao final, o cliente levará para casa R$ 379,88. Para não correr o risco de ter o bem leiloado, é preciso saldar este débito no prazo estipulado - no caso, 28 dias - ou renovar este mesmo prazo por mais 28, 56 ou 84 dias e pagar os encargos e juros a cada renovação. No exemplo acima, o cliente não tem como quitar o débito total ao final dos 28 dias e mantém o mesmo prazo. Portanto, pagará R$ 20,11 a cada vez que renovar a operação. Ou seja, 5,03% sobre o valor do empréstimo. Veja abaixo a tabela com a simulação do empréstimo para prazos de 28 dias. Avaliação R$ 500 Empréstimo R$ 400 (80% dos R$ 500) Juros (3,5% ao mês) R$ 13,09 Tarc (0,6%) R$ 3,00 Seguros (0,5106% e 0,0507%) R$ 4,03 Valor final do empréstimo R$ 379,88 Veja abaixo os valores descontados do empréstimo no penhor entre juros e encargos. As mesmas porcentagens sobre o crédito são cobradas a cada prazo de renovação Prazo Valor do empréstimo Juros + encargos Valor final do empréstimo 28 dias R$ 400 5,03% R$ 379,88 56 dias R$ 400 9,51% R$ 361,93 84 dias R$ 400 14,24% R$ 343,03 Na média, cliente faz 9 renovações De acordo com dados da própria Caixa Econômica Federal, 70% dos clientes optam pelo período de 28 dias e em média o contrato é renovado nove vezes. Mas pode ser renovado quantas vezes for necessário, contanto que os juros mais os encargos sejam pagos. Uma vez não renovado, o cliente é avisado e tem em média 30 dias para regularizar sua situação. Do contrário, o bem vai a leilão, o que acontece em menos de 1% dos casos, segundo a superintendente Nacional de Produtos Bancários da Caixa Econômica Federal, Celina Lopes.

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