Península abre gestora para público em geral 'investir com Abilio Diniz'

Gestora foi batizada de O3 Capital e exigirá aporte mínimo de R$ 1 mil; fundo já está disponível em casas como BTG, Warren, Banco Inter e Modalmais

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Por Fernanda Guimarães
3 min de leitura

A empresa de investimentos da família de Abilio Diniz, a Península Participações, montou uma nova gestora de investimentos, batizada de O3 Capital, que será aberta para receber recursos de terceiros. Até aqui todos os investimentos da Península eram privados, apenas com recursos da família Diniz. “Iremos competir com outras gestoras, sim”, disse Abílio a um grupo de jornalistas, nesta quinta-feira, 6. O lançamento ocorre em um momento em que o juro baixo no Brasil tem incentivado mais brasileiros ao mundo de investimentos.

Na prática, a O3 já existe há sete anos e com todas as licenças, explicou o vice-presidente do conselho de Administração da Península, Eduardo Rossi. “É uma gestora com certa história. Está no forno essa ideia há muito tempo. Estamos abrindo para captação de terceiros, para o público em geral investir junto com o Abílio Diniz”, diz Rossi. Segundo ele, o desempenho do fundo tem sido “fora da curva”. A performance até aqui não foi divulgada.

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De acordo com Abilio, não há, contudo, uma meta de captação. De saída, a gestora terá investimentos de R$ 1,5 bilhão da Península. As alocações têm olhar global, segundo Daniel Mathias, gestor do fundo. Hoje, o fundo está bem posicionado no Estados Unidos, país que, segundo ele, está com o pé no acelerador, com a vacinação contra a covid-19 já bastante adiantada. 

Segundo Abilio Diniz, a O3 Capital não tem meta de captação. Foto: Amanda Perobelli/Estadão - 4/12/2017

Desse dinheiro aportado pela Península, há uma restrição de retirada, o chamado “lock-up”, de três anos. Além da Península, há um investimento de R$ 250 milhões de “pessoas próximas”. O fundo já está disponível em casas como BTG Pactual, Warren, Modalmais e Banco Inter.

Público em geral x ‘qualificado’

A gestora terá dois fundos, um focado em investidor em geral e outro para o qualificado. Para o investidor de varejo, o investimento mínimo é de R$ 1 mil, com uma taxa de administração de 2% e taxa de perfomance de 20%. “Queremos democratizar o fundo”, afirmou o diretor de Relações com Investidores da Península, Paulo Castilho.  Essa cobrança dos fundos multimercados foi por muito tempo um padrão, mas a taxa de juros baixa tem pressionado para que gestoras começassem a reduzir suas taxas. Questionado sobre o assunto, Castilho comenta que a O3 não quis, nesse momento, mexer nessa taxa utilizada pelo mercado.

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Por ora, a O3 terá inicialmente apenas um fundo, um multimercado, que poderá investir em ações Brasil e exterior, dívida, câmbio e juros, por exemplo. Com o tempo outros produtos poderão ser agregados.  Já estão nos planos, por exemplo, a abertura para captação de um fundo de private equity, que é aquele que investe em participação de empresas e que aguarda as aprovações regulatórias.

O time nasce com uma equipe de 18 pessoas, nomes conhecidos da Península. "Temos um time de muita qualidade na Península que vem administrando os recursos da família há muito tempo", afirma Abilio. A independência para os investimentos, segundo o empresário, será completa, que admitiu não conhecer tão profundamente o mercado financeiro, mas que conhece bem a economia real. "Daremos mais espaço para que eles gerenciem mais recursos e possam competir com outras gestoras de mercado", conta o empresário.

"Abílio Diniz está entre as pessoas mais ricas do Brasil e é uma pessoa de negócio muito bem sucedida. O lançamento de uma gestora e declarações do tipo "investir junto com o Abílio Diniz" certamente podem ter muito apelo no nosso mercado de investimentos", comenta o professor da Escola de Economia da FGV-SP, Henrique Castro. O professor diz ainda que a O3 não fez "nada muito revolucionário quanto às taxas", que estão em linha com outros fundos do mercado.  Castro diz que o investidor interessado em investir deve checar se seu perfil se encaixa no perfil do fundo.  "Outro fator sempre importante é o histórico dos gestores. Nessa parte, a gestora está vendendo a imagem de bem-sucedido que tem o Abílio Diniz", diz.

A Península, fundada em 2006 por Abílio, tem posições relevantes em uma série de empresas, sendo que as maiores posições estão no Carrefour e na BRF. Além de participação em empresas, a Península tem investimentos no setor imobiliário. O total de recursos próprios é de cerca de R$ 12 bilhões, incluindo todas as classes de ativos.