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Perdas da Aracruz em 2008 foram de R$ 4,2 bi

Apenas no quarto trimestre, empresa teve prejuízo de R$ 2,9 bi, fruto das operações com derivativos

Por André Magnabosco
Atualização:

As operações com derivativos tiveram um efeito devastador no balanço da Aracruz Celulose. A empresa terminou 2008 com um prejuízo líquido de R$ 4,2 bilhões, enquanto no ano anterior havia registrado um lucro de R$ 1 bilhão. Apenas no quarto trimestre, o prejuízo líquido foi de R$ 2,9 bilhões - a despesa financeira líquida foi de R$ 3,4 bilhões. No mesmo período de 2007, a Aracruz havia lucrado R$ 187 milhões. A receita líquida no ano passado foi de R$ 3,4 bilhões, uma queda de 5% na comparação com 2007. Apesar das perdas, o valor justo das operações de derivativos tóxicos da Aracruz em 31 de dezembro ficou em R$ 77 milhões, reflexo da renegociação que resultou na eliminação de 97% da exposição da companhia a operações com instrumentos financeiros. Ao final do terceiro trimestre, o valor justo era de R$ 1,9 bilhão. Já o valor de referência dessas operações oscilou de R$ 19 bilhões em setembro de 2008 para R$ 701 milhões no final do ano. O acordo com os bancos resultou em uma perda total de US$ 2,13 bilhões (em valor justo), que será pago em até nove anos. O acordo também incluiu vencimentos de US$ 500 milhões em operações de pré-pagamento de exportação. Depois desse acordo, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) concluiu a negociação para tornar-se controladora da Aracruz. Mas o rombo financeiro fez a empresa pisar completamente no freio. A previsão para este ano é de investimentos de US$ 196 milhões, enquanto, em 2008, os aportes chegaram a US$ 1,5 bilhão. O montante previsto para este ano inclui investimentos nas áreas de silvicultura, manutenção fabril e outros, mas exclui as expansões das unidades Veracel (BA) e Guaiba (RS). Os investimentos em projetos de aumento de capacidade, segundo a empresa já havia sinalizado anteriormente, foram postergados. A direção da companhia também já definiu outras estratégias que adotará, além da redução de investimentos, para garantir uma melhoria na geração de caixa e, com isso, tentar reduzir o nível de seu endividamento, que ao final de dezembro de 2008 era de R$ 9,7 bilhões. O plano da empresa é focar a excelência operacional por meio da redução dos custos e despesas, e também a venda de ativos não operacionais. Esses ativos seriam florestas e terras. A companhia não informou, entretanto, quais as metas dessa proposta ou quais ativos poderiam ser incluídos no novo plano estratégico. Além disso, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores da Aracruz, Marcos Grodetzky, a companhia está em negociação com agentes financeiros para rever as cláusulas de "covenants" financeiros existentes em alguns acordos de financiamento. Essas cláusulas impõem limites, por exemplo, para o endividamento da empresa. Com isso a direção da Aracruz pretende adequar as condições dos índices econômico-financeiros previstos nos contratos ao atual ambiente financeiro da companhia.

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