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Perdas dividem Citigroup em dois

Reorganização iniciada esta semana cria o Citicorp e o Citi Holdings

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Por Redação
Atualização:

O Citigroup vai se dividir em duas unidades operacionais. A Citicorp vai se concentrar nas operações bancárias e a Citi Holdings vai se dedicar a corretagem, gestão de ativos e financiamento a consumidor, e vai reunir ativos do grupo que precisam de gestão especial. A reorganização é parte do plano da companhia de abandonar o modelo "supermercado", que por muito tempo definiu suas atividades. O processo foi iniciado nesta semana, quando o Citi concordou em juntar sua corretora Smith Barney com o negócio de administração de riquezas operado pelo Morgan Stanley, o que criará a maior corretora do mundo. O Citi informou ontem que planeja fazer a transição para as duas unidades o mais rápido possível. A companhia está em busca de um executivo para liderar o Citi Holdings. O maior negócio do Citi, a divisão de consumer banking, apresentou queda de 22% na receita do último trimestre de 2008 por causa da retração nas vendas de produtos de investimento e na receita de serviços de hipotecas. Recuos similares ocorreram nas operações com cartões de crédito e clientes institucionais, incluindo operações com títulos de dívida e banco de investimentos. A divisão de gerenciamento de riquezas, entre as quais as operações de private banking e o Smith Barney, teve receita 18% menor no período. Os investidores do Citigroup, que no início de 2008 começaram a acreditar que o pior da crise já havia passado, viram a instituição tornar-se uma das mais atingidas pela falta de crédito, e agora os problemas parecem longe de terminar. O banco foi líder na criação e venda de alguns dos títulos exóticos que estiveram no coração da crise. O Citi cortou 50 mil empregos, cerca de 15% de sua força de trabalho no mundo, e agora procura cortar custos para aumentar sua liquidez. Os dois principais dirigentes, o executivo-chefe, Vikram Pandit, e o presidente, Win Bischoff, renunciaram aos bônus anuais, e os prêmios de outros executivos de alto escalão serão bastante reduzidos, segundo declarações de Pandit no mês passado. No início deste mês, o conselho do Citi apoiou a permanência de Pandit no cargo, apesar dos prejuízos crescentes da companhia. Desde que foi nomeado executivo-chefe, em dezembro de 2007, ele não conseguiu interromper a sangria financeira da instituição, apesar da injeção de US$ 45 bilhões feita em novembro pelo governo americano, que o tornou o maior acionista do Citigroup. GARANTIA Autoridades federais dos Estados Unidos anunciaram ter finalizado os termos do acordo de garantia que vai proteger contra a possibilidade de perdas US$ 301 bilhões de empréstimos lastreados em hipotecas pertencentes ao Citigroup. O Departamento do Tesouro, a Corporação Federal de Seguro de Depósitos (FDIC) e o Federal Reserve (Fed, banco central americano) já havia feito um anúncio preliminar do acordo em 23 de novembro, e ontem informaram ter finalizado os termos do compromisso. Em nota divulgada ontem, o Departamento do Tesouro disse que nenhum dinheiro novo foi comprometido na finalização do acordo para o Citigroup e nenhum fundo do governo foi transferido para o banco. O Departamento do Tesouro também declarou que o governo dos EUA vai continuar a fazer o necessário para ajudar o sistema financeiro em meio ao que se tornou a pior crise financeira do país em décadas. "O governo continuará a fazer esforços para fortalecer nossas instituições bancárias e apoiar os mercados financeiros", disse a instituição, em comunicado. O programa de proteção aos ativos do Citigroup é parte de um pacote mais amplo de apoio, anunciado pelos reguladores federais em novembro com o objetivo de ajudar a estabilizar o banco e, por extensão, o sistema financeiro. As autoridades vão injetar US$ 20 bilhões no banco e garantir mais de US$ 300 bilhões em ativos, que continuarão a constar no balanço. Em troca, o Citigroup concordou em emitir ações preferenciais para o governo, limitar o pagamento de bônus a executivos e adotar um programa governamental para ajudar donos de hipotecas em dificuldades.

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