Publicidade

Perdigão e Sadia criam Brasil Foods e vão captar R$ 4 bilhões

Em comunicado, companhias detalham união; juntas, elas terão quase 25% das exportações mundiais de aves

Por Agência Estado e Reuters
Atualização:

A Perdigão e a Sadia confirmaram nesta terça-feira, 19, a união das duas empresas. A segunda será incorporada pela primeira, que passará a se chamar Brasil Foods. A nova companhia deverá realizar uma oferta pública de ações para levantar valor estimado de R$ 4 bilhões, segundo comunicado ao mercado.                      

 

Veja também: 

 

PUBLICIDADE

A união das companhias, que juntas serão responsáveis por quase 25% do mercado exportador global de aves, se dará por meio de uma complexa operação societária, com a criação de uma outra entidade, a HFF Participações. A Sadia, que precisava se capitalizar após as perdas de R$ 2,6 bilhões com derivativos, terá suas ações incorporadas em um primeiro momento pela HFF Par.

 

Para o negócio se concretizar, os detentores de pelo menos 51% das ações ordinárias da Sadia deverão repassar os papéis com direito a voto que detêm para a HFF. Ao mesmo tempo, a Perdigão terá sua denominação alterada para Brasil Foods, que posteriormente vai incorporar as ações da HFF. A relação de troca, nesse caso, será de 0,166247 ação de emissão da Brasil Foods por cada ação ordinária da HFF.

 

De acordo com o documento firmado entre as empresas, a incorporação de ações da HFF pela Brasil Foods está condicionada à alienação, pela Sadia, da Concórdia Holding Financeira, que controla banco e corretora de mesmo nome, para outra sociedade de participações.

 

O comunicado declara ainda que a condição final para a associação é a comprovação, pela HFF, de que é detentora de mais de 51% das ações ordinárias da Sadia.

 

As ações da Sadia em circulação no mercado serão, depois disso, incorporadas pela Brasil Foods. A relação de troca para os minoritários será de 0,132998 ação ordinária da Brasil Foods por cada ação ordinária ou preferencial da Sadia, equivalente a 80% do valor atribuído aos controladores da empresa, como determinam as regras da Comissão de Valores Mobiliários em caso de alienação de controle.

Publicidade

 

Conforme as empresas, as ações da Brasil Foods continuarão a ser negociadas no Novo Mercado, ambiente da Bovespa que exige maior grau de governança corporativa e em que hoje está listada a Perdigão. As empresas informaram que o acordo de associação pode ser rescindido no prazo de 15 dias se as condições incluídas no documento não forem cumpridas.

 

Captação

 

Paralelamente, a Brasil Foods realizará uma oferta pública de ações para captação de recursos no valor estimado de R$ 4 bilhões. O comunicado não menciona a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tido como um dos investidores na oferta.

 

O objetivo da captação é sanar os problemas financeiros da Sadia, que, ao final de março, apresentava uma dívida total de R$ 8 bilhões. Somente no curto prazo, ou seja, até o primeiro trimestre de 2010, a empresa tem um passivo financeiro de R$ 4,27 bilhões. A maior parcela, o equivalente a R$ 1,87 bilhão, vence no terceiro trimestre deste ano.

 

Acionistas

 

Os grandes acionistas de Sadia (famílias Furlan e Fontana) e Perdigão (que tem controle pulverizado nas mãos de fundos, liderados pela Previ) continuarão presentes na nova sociedade. O estatuto do conselho de administração das duas empresas será alterado. No caso da Perdigão será estabelecido um número máximo de 11 membros e implantada uma co-presidência no âmbito do conselho de administração e serão eleitos três novos conselheiros indicados pelos acionistas da HFF, sendo um deles para ocupar o cargo da co-presidência.

 

Já o estatuto da Sadia será alterado para ter no máximo 12 e será criada a estrutura de co-presidência, com substituição de alguns membros para assegurar que esse conselho seja composto pelas mesmas pessoas do conselho de administração da Brasil Foods.

Publicidade

Os problemas financeiros enfrentados pela Sadia desde o ano passado, após os prejuízos com

operações de derivativos, foram o principal estímulo para que as duas empresas finalmente

chegassem a um acordo para a fusão.

 

Durante a história das rivais, foram várias as tentativas de associação, sem sucesso. A mais emblemática ocorreu em 2006, quando a Sadia apresentou uma oferta hostil à Perdigão. A proposta não só foi negada como serviu de estímulo à Perdigão, cujo valor de mercado mais do que dobrou desde então. Hoje, ela garante a posição de acionista majoritário na tão aguardada gigante de alimentos brasileira, que nasce com faturamento anual de R$ 22 bilhões.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.