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Pernoite em Bertioga

Foto do author Celso Ming
Por Celso Ming
Atualização:

Dia 5, o voo 104 da Delta Airlines, de São Paulo para Atlanta (Estados Unidos), teve de ser adiado porque a aeronave apresentou pane mecânica. Entre os 180 passageiros, quem mora em São Paulo voltou para casa. Os demais foram hospedados em Bertioga, serra abaixo, a 105 km do aeroporto de Cumbica, via Mogi das Cruzes. Não havia vagas em hotéis mais próximos.A novidade é que, cada vez mais frequentemente, a rede hoteleira da capital tem registrado quase 100% de lotação. No ano passado, a ocupação média foi de 68,5% (veja gráfico).Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado de São Paulo (ABIH-SP), Bruno Omori, situações como essa são exceção e têm ocorrido principalmente quando eventos de grande porte são marcados para a mesma semana. "Não há gargalos no setor, há picos de ocupação. No início deste mês, por exemplo, tivemos os shows da banda irlandesa U2 e, por causa do carnaval tardio, vários eventos e feiras acabaram se concentrando nas primeiras semanas de abril", explica. A pergunta à procura de resposta é quanto tempo ainda será preciso para que a exceção se transforme em regra. São Paulo realiza 90 mil eventos por ano (um a cada 6 minutos) e ocupa o 18.º lugar no ranking internacional de eventos. O Anhembi Parque, por exemplo, já está reservado até 2016. A metrópole dispõe hoje de 410 hotéis, nos quais há 42 mil apartamentos, com pouco mais de 100 mil leitos. O aumento da média de ocupação no ano passado, de acordo com os números da SPTuris, foi de 11,7% sobre a de 2009.Omori observa que esse índice de ocupação ainda é inferior ao registrado nas principais capitais do mundo, como Buenos Aires (76%), Nova York (83%) e Paris (86%). Mas, como ficou dito acima, as exceções começam a aparecer. Apesar disso, não há novos hotéis em construção na cidade. O que há é a previsão de um incremento, nos próximos três anos, de 3 mil apartamentos, a maioria a partir da transformação de espaços mais amplos em menores. Enfim, é o modelo do puxadinho sendo aplicado também à hotelaria. O superintendente da São Paulo Convention and Visitors Bureau, Toni Sando, reconhece que é preciso expandir a rede hoteleira. Ele garante que há muitos grupos estrangeiros interessados em comprar hotéis em funcionamento. "O problema é que não há quem queira vendê-los." Além disso, os preços dos terrenos nas principais regiões da cidade têm desestimulado projetos de construção. Uma das soluções apontadas pelo presidente da SPTuris, Caio Luiz de Carvalho, seria expandir a rede para outros bairros. Hoje os hotéis estão concentrados em cinco regiões: Berrini, Paulista e Jardins, Ibirapuera e Moema, Faria Lima e Itaim, Centro e Anhembi. Outra opção seria desenvolver melhor a rede hoteleira das cidades vizinhas. Mas terão de ser mais próximas do que é Bertioga. Apesar desse quadro, Omori assegura que o setor estará preparado para a Copa do Mundo, em 2014. "As cidades que sediaram a abertura da Copa nos últimos anos contavam, em média, com 30 mil quartos de hotel", diz. Ele também conta com o enxugamento de eventos paralelos. A conferir. /COLABOROU ISADORA PERÓNCONFIRAAviso aos usineirosA revista alemã Der Spiegel (de 21 de abril) publica reportagem em que mostra que o E10, a gasolina com adição de 10% de etanol, é um fracasso comercial - e ambiental - na Alemanha. É CO2 demaisO consumidor não confia no produto e os próprios ambientalistas o condenam por duas razões: porque apresenta resultados insatisfatórios para as metas de redução das emissões de CO2 na atmosfera; e porque, além da maior utilização de defensivos agrícolas, o cultivo de grãos para o etanol produzirá as mesmas emissões de CO2 que se quer evitar. Plantar grãos para o suprimento de biocombustíveis em toda Europa exigiria uma extensão de terra equivalente à área da Bélgica.Trigo no tanque?"Enquanto o povo morre de fome em tantos países, nosso trigo não deve ir para nossos tanques de gasolina", sentencia Volker Kauder, presidente da bancada parlamentar da conservadora União Democrática Cristã.

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