PUBLICIDADE

?Persistência inflacionária? fez Copom manter os juros em 26,5%

Ata da reunião, divulgada hoje, mostra que o Copom avalia que ?a consolidação da queda da inflação depende da manutenção do esforço no seu combate?

Por Agencia Estado
Atualização:

A permanência da inflação em patamares ainda considerados elevados foi a principal justificativa para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mantivesse, na semana passada, a Selic, a taxa de juros básica da economia brasileira, em 26,5% ao ano. "Na medida em que os índices de inflação ocorridos permanecem altos, ainda é prematuro concluir que a persistência inflacionária esteja definitivamente em queda e que o efeito da apreciação sobre os preços seja significativo. Nesse sentido, o Copom avalia que a consolidação da queda da inflação depende da manutenção do esforço no seu combate", afirmam os diretores do BC, na ata da reunião divulgada hoje pelo BC. De acordo com a análise da diretoria colegiada do BC, o comportamento mais resistente à queda dos preços ao consumidor no País revela a existência de "persistência inflacionária" na economia, o que tem gerado aumento nos preços de importantes grupos de produtos da cesta de consumo como por exemplo móveis e utensílios, artigos de higiene pessoal e bebidas. "Os núcleos de inflação ainda se mantêm em patamar elevado", ressaltam os diretores. Reajustes de preços e salários A persistência da inflação tem suas origens, segundo os diretores do Banco Central, nos reajustes de preços e salários ocorridos desde o início deste ano, que se basearam na elevada taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses. "E não na sua projeção futura", destacam os diretores do BC no texto da ata da reunião do Copom de maio. Para o Copom, a política monetária não deve "sancionar" reajustes de preços e salários baseados na inflação passada, "dado o risco de se perpetuar a inflação em patamares elevados". De acordo com a análise da diretoria colegiada do BC, há sinais de que a política monetária aplicada no País começa a obter resultados no combate à inflação. "As perspectivas do Copom, assim como as expectativas dos analistas econômicos, são de continuidade da queda da inflação em direção à trajetória de suas metas", afirmam os diretores no texto da ata. Dois pressupostos são utilizados como base para essas perspectivas favoráveis com relação à tendência de queda da inflação. O primeiro pressuposto é que a persistência da inflação deve se configurar como um fenômeno "temporário". O segundo é que a recente valorização do real frente ao dólar deve afetar positivamente a dinâmica de preços, gerando portanto efeitos sobre a inflação. PIB deve fechar trimestre perto da estabilidade O Copom acredita que o PIB brasileiro deve ter fechado o primeiro trimestre de 2003 em "ritmo próximo de estabilidade", se comparado ao último trimestre de 2002. "Se, por um lado, a indústria manufatureira apresenta desaceleração, por outro a indústria extrativa mineral, o agronegócio e setores de produção de bens comercializáveis se mantêm aquecidos", afirmam os diretores do BC no texto da ata da reunião deste mês do Comitê. O comportamento do PIB no primeiro trimestre deste ano será divulgado logo mais, a partir das 9h30, pelo IBGE. Cai a projeção de alta da gasolina O Copom ? mostra a ata - reduziu mais uma vez sua projeção para o reajuste dos preços dos combustíveis no País em 2003. A expectativa dos diretores do BC é que o preço da gasolina sofra ao longo de 2003 um reajuste de 6%, já incorporando nesse percentual a redução de preços ocorrida no início desse mês. Na reunião de abril, o Comitê já havia reduzido de 12,4% para 8,4% sua projeção para o reajuste do preço da gasolina. Se algumas projeções estão se reduzindo, outras estão aumentando. É o caso das estimativas feitas com relação ao preço do gás de cozinha. Segundo o Copom, o preço do botijão de gás deve sofrer um reajuste em 2003 de 4,5% e não mais de apenas 1,6% como estimado pelo próprio Comitê em abril. "As projeções para os reajustes do gás de botijão em 2003 elevaram-se para 4,5% devido ao aumento de 4,13% do preço ao consumidor ocorrido em abril, mês em que os preços cobrados pela Petrobras permaneceram inalterados", argumentam os diretores do BC. Para o preço das tarifas de energia elétrica, a valorização do real frente ao dólar acabou beneficiando o consumidor, fazendo com que o Copom reduzisse novamente sua projeção para o reajuste desse conjunto de preços. A expectativa agora é que as tarifas elétricas sofram uma correção de 23,7% em 2003 e não mais de 24,5% como estimado em abril. "Esta taxa poderia ser menor, não fossem as cobranças de taxas de iluminação pública em diversas capitais, como Curitiba, São Paulo, Fortaleza, Recife, Belo Horizonte, Goiânia e Rio de Janeiro", explicam os diretores.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.