28 de outubro de 2014 | 02h04
Os técnicos da Fecomercio-SP argumentam que o poder de compra dos paulistanos sofre o impacto direto da inflação e dos juros altos, mas essa é apenas parte do problema. Os consumidores de fato dependem de emprego e renda, mas dados recentes revelam que a taxa de desemprego só é muito baixa porque mais pessoas deixaram de procurar uma atividade remunerada.
Além disso, a oferta de trabalho ocorre mais no setor de serviços, inclusive o varejo, onde os salários são inferiores aos da indústria. Com vendas insatisfatórias e comissões baixas, os temporários tentam pular de emprego em emprego na tentativa de melhorar seus ganhos.
Cabe notar que, apesar da tendência negativa, não há uma crise de proporções no comércio como um todo. O ICF de outubro ainda registrou 110,1 pontos - e acima de 100 está no campo positivo. A perspectiva de consumo registrou 106,5 pontos, indicando expectativa favorável com o futuro.
Já o nível de consumo atual foi de apenas 83,3 pontos - 21.º mês consecutivo em que é inferior a 100 pontos. Uma das razões para algum otimismo do consumidor é a facilitação do crédito, com a dilatação de prazos das operações consignadas, que podem ser contratadas em até 90 meses. É surpreendente que, em momento que exige decisões prudentes, as autoridades ofereçam condições mais fáceis para que trabalhadores se endividem ainda mais. Felizmente, as famílias com renda inferior a 10 salários mínimos demonstram mais cautela.
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) da FGV, de sua parte, apontou para uma situação negativa (81,3 pontos) em outubro, nono mês consecutivo abaixo do termo médio de 100 pontos. As expectativas são melhores, mas limitadas a alimentos e bebidas, vestuário e calçados, não se estendendo aos mais caros, como automóveis e materiais de construção. Mais consumidores estão conscientes dos riscos que podem afetar sua vida.
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