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Perspectivas para a economia são ‘pouco animadoras’, dizem analistas

Segundo presidente da Abimaq, algumas empresas só não estão mandando embora porque não podem pagar

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Por André Borges
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BRASÍLIA - Há dez meses Willian Farias procura trabalho em Brasília, batendo na porta de empresas e de agências. “Estou atrás de qualquer coisa, mas está muito difícil. Trabalho desde os 15 anos de idade. Nunca fiquei tanto tempo sem conseguir emprego”, diz o rapaz de 26 anos, que já foi vigia, ajudante geral e porteiro. Da “Agência do Trabalhador”, ele saiu mais uma vez sem perspectiva de ter a carteira assinada. Ouviu que não tinha vaga para o seu perfil.  Na década de 1950, foram seus avós que deixaram o Ceará em busca de trabalho no Cerrado. Trabalharam, na época, na construção da futura capital federal. “Hoje, estamos aqui, tentando sobreviver. Eles fazem a crise, e o povo é a vítima disso tudo”, diz o pai de Willian, Alberto de Araújo.

Willian Farias (direita)procura emprego há 10 meses Foto: Estadão

As perspectivas econômicas sinalizam que o jovem pode demorar a arrumar um novo emprego. “Estamos vivendo hoje um círculo vicioso na economia. E o maior problema é que a retomada do emprego vai demorar”, diz Renato da Fonseca, gerente de pesquisa e competitividade da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Demitir as pessoas custa caro, contratar também, mas como não há perspectivas de mudança no curto prazo, muitas empresas optam por mandar embora parte de seus funcionários.” A avaliação é a mesma do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que nesta semana divulgou relatório sobre a conjuntura do trabalho no País. “De maneira geral, as perspectivas para o mercado de trabalho são pouco animadoras, dado que o prolongamento da crise atual tende a acentuar a deterioração das condições de emprego e renda. Adicionalmente, há o fato de que o mercado de trabalho reage de forma defasada às variações da atividade econômica”, declara o instituto. Para Carlos Pastoriza, presidente Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), as atuais tentativas do ajuste fiscal não apontam luz no fim do túnel. “Hoje estamos numa situação de calamidade. Está acontecendo de empresas não mandarem embora porque não têm dinheiro para pagar”, diz Pastoriza. “Essa crise econômica foi fabricada pela crise política. É preciso que o governo agora dê um jeito nisso.”

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