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Perto de prazo do abismo fiscal, partidos ainda divergem

Por RICHARD COWAN
Atualização:

Republicanos do Congresso dos Estados Unidos pediram nesta segunda-feira que o presidente do país, Barack Obama, detalhe cortes de gastos de longo prazo para ajudar a resolver a crise fiscal norte-americana, enquanto continuam firmemente contra os aumentos de impostos de renda para os mais ricos, algo que os democratas buscam. A Casa Branca tem sido igualmente firme em sua posição, ameaçando vetar qualquer projeto de lei que não inclua as elevações tributárias a que se opõem os republicanos. Embora o Congresso tenha retornado do feriado de Ação de Graças em meio a crescentes negociações sobre planos de longo prazo de reforma tributária e refletindo a necessidade de se chegar a um acordo, os dois partidos ainda não deram sinais de terem encontrado um caminho em torno do obstáculo tributário de curto prazo necessário para evitar o "abismo fiscal" em 31 de dezembro, que desencadearia aumentos tributários e cortes de gastos automáticos no ano novo. "Continuamos em um impasse", disse o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, durante um discurso na Casa. Obama falou com o presidente da Câmara dos Deputados, John Boehner, sobre as negociações orçamentárias no fim de semana, e com o líder da maioria no Senado, Harry Reid, disse uma autoridade da Casa Branca. O porta-voz de Obama, Jay Carney, disse que o presidente dialogará com eles novamente "em um momento apropriado". Os cerca de 600 bilhões de dólares em aumentos de impostos e cortes de gastos que serão ativados no final do ano derrubariam a economia norte-americana para mais uma recessão, de acordo com departamento apartidário de orçamento do Congresso. Um novo levantamento da CNN mostrou que o público está acompanhando atentamente o debate que se desenrola em Washington sobre como reduzir déficits orçamentários que têm excedido 1 trilhão de dólares por quatro anos consecutivos. A pesquisa revelou que dois terços dos entrevistados temem que o país enfrente grandes problemas sem uma solução para o abismo fiscal, e 77 por cento dizem acreditar que sua própria situação financeira seria prejudicada. Republicanos receberiam uma fatia maior da culpa do que Obama, ainda de acordo com o levantamento. A solução preferida por dois terços dos participantes do levantamento é uma mescla de cortes de gastos e aumentos de impostos para consertar as finanças do país. Warren Buffett, o lendário investidor que mudou o debate sobre a reforma tributária nos EUA em 2011 com um apelo para que os ricos paguem mais, ecoou essa opinião nesta segunda-feira. Em uma coluna do New York Times, Buffett sugeriu que o Congresso se mova imediatamente para implementar impostos mínimos de 30 por cento sobre rendas de 1 milhão de dólares a 10 milhões de dólares, e de 35 por cento acima disso. SOMBRAS DE 2011 Mas com republicanos exigindo mais cortes de gastos e democratas insistindo em alguns aumentos de impostos, as negociações do abismo fiscal estão praticamente no mesmo estágio em que se encontravam em meados de 2011, quando Obama e Boehner não conseguiram chegar a um acordo abrangente sobre a redução de déficit. O líder da maioria na Câmara, Eric Cantor, vice-líder republicano na Casa, disse, em entrevista transmitida pela emissora de TV MSNBC nesta segunda feira: "Não fomos reeleitos para aumentar impostos ou elevar taxas marginais". Em vez disso, Cantor disse que Obama deve delinear como vai conseguir poupar dinheiro em custosos programas federais, incluindo o plano de aposentadoria Social Security e o plano de saúde para idosos Medicare.

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