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Peru pede a Bolívia que convoque cúpula da Comunidade Andina

Com isso, o encontro será realizado em maio, antes do segundo turno das eleições que escolherá sucessor do presidente peruano

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Peru, Alejandro Toledo, pediu neste sábado a seu colega boliviano, Evo Morales, que convoque uma cúpula da Comunidade Andina (CAN) antes do fim de maio. Com isso, o encontro será realizado antes do segundo turno das eleições para escolher o sucessor do peruano, prevista para 4 de junho. Assim indicaram fontes diplomáticas andinas e européias, segundo as quais o propósito é tentar conciliar posições diante do projeto de acordo comercial com a União Européia (UE). Morales afirmou, por sua vez, que só ingressará no bloco se levar a um convênio para o "comércio entre os povos", e não a um tratado de livre-comércio convencional. O líder boliviano - que deve assumir a presidência rotativa da CAN após a saída do presidente venezuelano, Hugo Chávez - não se comprometeu a responder favoravelmente à reivindicação de Toledo. Fontes diplomáticas lembraram o apoio de Morales ao candidato nacionalista para as eleições peruanas, Ollanta Humala, que, se derrotar o ex-governante Alan García, pode inclinar o mapa político andino a posições mais próximas às do presidente boliviano. Cúpula O pedido de Toledo foi formulado na cúpula UE-CAN, realizada neste sábado em Viena, depois de as partes terem decidido na sexta-feira abrir "um processo que conduzisse à negociação de um acordo comercial" e de ter sido dado o dia 20 de julho como prazo para definir as bases de tal processo. A fórmula estipulada salvou a cúpula UE-América Latina e Caribe do fracasso, mas não eliminou as dúvidas se os membros da CAN - Colômbia, Peru, Equador e Bolívia - se manterão unidos para a negociação com a UE, após a saída da Venezuela. "Cabe a nós trabalhar durante os próximos dois meses para encontrar mecanismos que permitam que os quatro países negociem, entendendo as assimetrias políticas e econômicas que existem", explicou o vice-presidente colombiano, Francisco Santos. Possível solução O secretário-geral da CAN, Allan Wagner, esboçou uma possível solução para manter o bloco unido. "A Europa tem experiência para tratar assimetrias em seus países membros, entre regiões do próprio território europeu. Para mim, isso também pode ser aplicado à Bolívia no enfoque deste acordo de associação", explicou. A comissária européia de Exteriores, Benita Ferrero-Waldner, ressaltou, por outro lado, que "o mais importante" é que os membros andinos "tenham iniciado um diálogo" para resolver suas diferenças. A incerteza que ronda a futura negociação entre a UE e a CAN contrasta com o consenso geral de que o processo paralelo aberto entre a UE e a América Central - Honduras, Panamá, Guatemala, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica -, onde se fala sem rodeios do objetivo de assinar um tratado de livre-comércio. Também neste sábado, a UE e a América Central realizaram sua cúpula particular. Após a reunião, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, considerou "realista" iniciar as negociações ainda este ano. "Para poder começar, a Comissão necessita de um mandato dos países membros (da UE), o que poderia levar entre três e seis meses. Por isso, é cabível que comecemos este ano", explicou Barroso. UE e Mercosul Outra reunião do dia foi a que reuniu a UE e o Mercosul, dois blocos que mantêm negociações desde 1999 rumo a um acordo de associação e livre-comércio, mas cujo avanço do processo está condicionado ao resultado da rodada de negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Após uma discreta reunião de nível ministerial, as duas partes emitiram uma declaração na qual reafirmam "a prioridade estratégica" que atribuem à conclusão de seu acordo, mas sem concretizar um calendário para reativar as negociações.

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