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Peso argentino passa a ter cotação equivalente à do real

Mas ainda é preciso saber qual será a desvalorização nominal menos a inflação para ver se a produção argentina poderá equiparar-se à brasileira em termos de preços e de competitividade.

Por Agencia Estado
Atualização:

Para tristeza dos argentinos, que depreciavam tanto o real, o peso já está passo a passo com a moeda brasileira, depois de apenas dois meses de flutuação. O dólar registrou sua cotação máxima ontem de 2,35 pesos para venda e 2,25 para compra, enquanto, no Brasil, o dólar fechou a R$ 2,358 na venda. Os argentinos já não podem mais pedir "dame dos" em suas férias no Brasil, uma marca dos áureos tempos da conversibilidade. As expectativas para hoje são que esta alta continue. Os operadores ouvidos pela Agência Estado consideram que este é o valor real do peso e que a cotação não deverá baixar, pelo menos nos próximos dias. Um operador disse à AE que o mercado de câmbio duvida do poder de fogo do Banco Central para intervir na cotação. Ontem, por exemplo, o BC não interveio, mas já queimou US$ 260 milhões de suas reservas somente no mês de fevereiro. O BC está apostando no seu primeiro leilão de letes que fará amanhã para desviar do mercado de câmbio os investidores e poupadores. O presidente da instituição acredita que as letras oferecidas são uma opção para reduzir a procura pelo dólar porque as pessoas hoje não têm alternativas para economizar ou investir suas economias devido à falta de credibilidade no sistema financeiro. Com a teoria de que "quem está em default é o Estado e não o Banco Central", como diz o próprio Blejer, ele está seguro de que haverá demanda para as letes. A colocação deste papéis também servirá para formar uma referência de taxa de juros que será determinada pela oferta do mercado. Hoje, a Argentina não possui nenhum referencial de taxa de juros. Competitividade ainda não se iguala O presidente da União Industrial Argentina (UIA), Héctor Massuh, afirmou que a equiparação do valor do peso ao do real, tão reclamada pela entidade, não significa que a Argentina vai melhorar sua competitividade com o Brasil. Segundo ele, é preciso ver qual será a desvalorização nominal menos a inflação para ver se a produção argentina poderá equipar-se com a brasileira em termos de preços e de competitividade. Ele lembra que desde a desvalorização do real, em 1999, a inflação foi de 30% , enquanto que na Argentina somente nos primeiros dois meses de desvalorização a inflação já chegou a 5,5%. "Se os preços sobem demais perdemos a margem de vantagem dada pela desvalorização e continuaremos com preços mais altos em relação ao Brasil e, portanto, sem competitividade", disse Massuh. No mesmo sentido, há poucos dias, o ministro de Produção, Ignácio de Mendiguren, ex-titular da UIA, disse o mesmo. Ele alertou a cadeia de produção: "Não exagerem nos aumentos porque perderemos os benefícios da desvalorização". Porém, parece que os produtores, a indústria, os atacadistas, exportadores e o comércio em geral não entenderam o recado. Massuh destaca ainda que falta ver como será o reajuste das tarifas dos serviços públicos, mas ressalta que o problema maior está relacionado à falta de crédito para a indústria. Inflação de cerca de 22% e queda do PIB de 8,9% Inflação anual acima de 22% e queda do PIB (Produto Interno Bruto) de 8,9%. Estes são os novos números projetados pelo Ministério de Economia que começou a dar os primeiros sinais de coincidência com as projeções dos analistas de mercado e dos técnicos do FMI (Fundo Monetário Internacional). As projeções mais realistas foram feitas por uma fonte do Ministério de Economia que falou com um pequeno grupo de jornalistas no começo da noite. As cifras estão bem distantes daquelas projetadas pelo orçamento de 2002 que prevê queda de 4,9% do PIB e inflação anual de 15%, e poderão converter-se nas primeiras mudanças no orçamento solicitadas pelo auditor do FMI, Anoop Singh. A fonte reconheceu que os números projetados no orçamento têm "um certo grau de otimismo" mas que não contradizem com as novas estimativas porque estas fazem parte de "cálculos alternativos" dentro de um quadro mais pessimista, disse a fonte. Leia o especial

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