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Pesquisa do Ipea aponta apreensão do setor produtivo no País

Sensor econômico das empresas fica em 6,78, numa escala que varia de -100 (pessimista) a +100 (otimista)

Por Carolina Ruhman e da Agência Estado
Atualização:

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira, 9, pela primeira vez, o sensor econômico do setor produtivo, que revelou apreensão entre os agentes. O indicador ficou no patamar de 6,78, dentro de uma escala que varia de -100 (cenário pessimista) a +100 (cenário otimista). Foram entrevistadas 115 entidades do setor produtivo, abrangendo os setores primário secundário e terciário, mas excluindo os financeiro e informal. As entidades foram ouvidas entre a terceira e quarta semanas de janeiro.   Veja também: Produção de veículos dobra e vendas crescem De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise   De acordo com o sensor, o agravamento da crise internacional foi o fator preponderante na avaliação do cenário. Entre os componentes do indicador, o índice de expectativas com as contas nacionais ficou no nível de 19,76. Esse número indica apreensão, de acordo com o Ipea, que citou a expectativa de que o PIB brasileiro cresça entre 1,6% e 4% e um quadro adverso nas exportações.   Já o componente de parâmetros econômicos ficou em 42,10, o que aponta para confiança, segundo Ipea. De acordo com o dado, espera-se que a inflação terá, nos próximos 12 meses, crescimento baixo - na faixa de 3% a 5% -, que a taxa de câmbio ficará praticamente estável - com queda de 5% a 9% -, e que a taxa de juro terá recuo - de 0,5 a 3 pontos porcentuais. Já o indicador de desempenho das empresas ficou em -11,87%, o que aponta apreensão do setor produtivo. De acordo com o Ipea, existe uma preocupação com recuo na demanda industrial e espera-se um cenário adverso em relação à situação financeira e margem de lucro.   Por fim, o componente de aspectos sociais do sensor ficou em -22,87, o que representa cenário adverso. Chamaram a atenção do Ipea as expectativas negativas com relação aos indicadores de massa salarial, pobreza, desigualdade e violência.   Segundo o presidente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Júlio Gomes de Almeida, parceiro do Ipea no índice, o fraco resultado no desempenho das empresas reflete o impacto da crise. Porém, confiança nos parâmetros econômicos e o resultado de apreensão com relação às contas nacionais indicam que ainda existe a expectativa de crescimento neste ano. "As empresas estão sentindo na carne a redução da demanda", apontou.   E ressaltou: "A despeito disso, elas mantêm confiança na economia". Segundo ele, o cenário atual difere de crises anteriores, quando havia expectativa de explosão cambial ou crise fiscal. "Há perspectiva dos nossos agentes da economia real de que não haverá descontrole", disse. "Tem apreensão, mas as pessoas têm confiança de que a economia tem uma reserva técnica", continuou. Segundo ele, o resultado do sensor aponta para a necessidade de novas medidas por parte do governo. Ele citou a queda dos juros e incentivos fiscais.   A opinião é compartilhada pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Ele acredita que o governo deve criar um entendimento nacional para desburocratizar e acelerar suas ações. Pochmann aproveitou para criticar a atuação do Banco Central na redução dos juros. "Seria perfeitamente plausível que o BC fizesse uma reunião extraordinária para reduzir os juros", disse, ressaltando o fraco resultado da produção industrial revelado pelo IBGE na semana passada.

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