Um levantamento do Centro de Estudos em Logística, ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, revela que o investimento em logística no Brasil despencou para 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), no ano passado. Segundo Paulo Fernando Fleury, diretor do centro, o porcentual mostra que o investimento no setor é um "verdadeiro desastre" no País. Para se ter uma idéia, na década de 70, a média anual de recursos destinados à logística representava 1,8% do PIB. Apesar da pouca significância que os números atribuem ao setor, a logística brasileira movimenta R$ 213 bilhões ao ano, o que equivale a 12,1% do PIB. Na avaliação de Fleury, embora o valor movimentado seja bastante significativo, "o Brasil convive com um sério desequilíbrio na matriz de transportes e com problemas graves de ofertas". Importância do setor Um outro número da pesquisa revela, ainda, a importância do setor para a indústria e o comércio. Um total de 95% dos empresários acha que a logística seria uma grande vantagem competitiva para as suas empresas. No entanto, salientou o diretor, "estamos diante de uma situação bastante aflitiva, resultado de mais de uma década em sub-investimento em infra-estrutura de transportes". Fleury destacou ainda um outro dado para ilustrar a crise dos transportes no Brasil. O País tem 165 mil quilômetros de estradas pavimentadas, contra 1,5 milhão de quilômetros de estradas não-pavimentadas. Uma grande ameaça à logística brasileira está também na tendência de crescimento do tamanho dos navios para contêineres. Apenas três, dos 13 portos brasileiros - Suape (PE), Pecém (CE) e Sepetiba (RJ) - têm condições de receber navios de quinta geração, com calado de 13,5 metros. Os dados foram apresentados no 2º Fórum de Economia da Fundação Getúlio Vargas, realizado na capital paulista.