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Petrobrás adia plano de negócios

Novo adiamento foi atribuído às ?incertezas e volatilidades dos mercados?, e assunto será retomado em janeiro

Por Nicola Pamplona e Kelly Lima
Atualização:

A Petrobrás adiou mais uma vez a divulgação de seu plano de negócios para os próximos cinco anos, prevista inicialmente para agosto. Novamente, a companhia alegou que a decisão foi tomada "frente às incertezas e volatilidades dos diversos mercados". Em nota, a companhia informou que o assunto será retomado em reunião do conselho de administração em janeiro e reforçou a manutenção da política atual de investimentos e a viabilidade do pré-sal. O conselho de administração se reuniu ontem em Brasília, provocando expectativas no mercado sobre a conclusão das análises do novo plano estratégico. Durante a semana, declarações da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, de que a companhia investiria R$ 40 bilhões em 2009, reforçaram a tese sobre o fim dos trabalhos. Ontem, foi a vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva falar no assunto: "A Petrobrás vai continuar com seus investimentos". O peso político da estatal, por sinal, é apontado por alguns especialistas como uma das causas dos sucessivos adiamentos no plano de investimentos. A empresa é considerada fundamental para manter a atividade econômica do País durante a crise financeira, e é apontada por Dilma como principal instrumento anticíclico que o governo lançará mão. "O difícil é justificar tecnicamente tudo o que se quer politicamente", diz um analista. A maior dúvida paira sobre a capacidade de financiamento da companhia para o plano de investimentos, inchado pela descoberta do pré-sal e pelos anúncios de novas refinarias no País. A queda do preço do petróleo pode jogar por terra as premissas econômicas usadas para elaboração do plano anterior, que trabalhava com o petróleo a US$ 55 em 2008, US$ 50 em 2009, US$ 45 em 2010 e US$ 35 nos dois anos seguintes. Com esses valores, a empresa geraria caixa suficiente para bancar os investimentos, estimados em US$ 112,4 bilhões entre 2008 e 2012. Ontem, porém, o petróleo fechou abaixo de US$ 34 o barril, sinalizando que o corte de produção anunciado na véspera pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não será suficiente para compensar a queda na demanda. Nesse cenário, investimentos considerados menos rentáveis, como as refinarias do Ceará e do Maranhão, são mais difíceis de serem justificados - embora, do lado político, haja grande pressão para que sejam incluídos no novo plano. Ao contrário de grandes empresas privadas, como a Vale, a Petrobrás não tem tanta autonomia para suspender ou cancelar projetos, sob risco de que as medidas representem sinais negativos para o governo. No mercado financeiro, o adiamento do plano foi considerado positivo, uma vez que, segundo analistas, tal atitude demonstra "cautela" da companhia. "Na linha do que o presidente vem sempre falando, de que a crise só vai existir se as pessoas deixarem de comprar, é bem possível que haja uma pressãozinha para a Petrobrás mostrar um grande volume de investimentos, quase como se estivesse ignorando a crise", comentou um analista. Para Emerson Leite, do Credit Suisse, há grande preocupação sobre a capacidade da companhia em planejar o longo prazo diante da dificuldade em projetar premissas importantes, como o nível de consumo de combustíveis, o preço do petróleo e o câmbio. Na nota, a Petrobrás informa que a decisão de adiamento foi unânime e diz que vai reavaliar os projetos com base em novas premissas de custos. Embora não tenha dado mais detalhes sobre este ponto, a direção da estatal vem repetindo que espera redução de custos com o desaquecimento do mercado de petróleo. Ao fim do texto, a empresa "reitera que a política de investimentos está mantida, e as avaliações sobre os investimentos no pré-sal indicam a viabilidade dos projetos".

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