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Petrobras admite possibildiade de negociar preços do gás

Nota divulgada após encontro de cinco horas diz que revisão deve ser tratada ´de forma racional e eqüitativa´

Por Agencia Estado
Atualização:

A reunião de cúpula para discutir o futuro das exportações de gás boliviano para o Brasil esteve longe de um final feliz mas abriu uma etapa de conversas mais produtivas. O clima tenso do encontro ficou demonstrado quando as partes consideraram conveniente cancelar uma entrevista coletiva conjunta, numa demonstração que não se fala uma linguagem comum. Decidiu-se divulgar uma nota, negociada palavra a palavra, até tarde da noite de quarta-feira. A delegação brasileira imaginou uma conversa de duas horas. O encontrou durou cinco. A principal notícia é que, apesar de todas as negativas anteriores, a Petrobras concordou em discutir preços. Assinada pelos ministros de Minas e Energia do Brasil, Silas Rondeau; de Mineração e Hidrocarboneto da Bolívia, Andrés Soliz Rada, pelos presidentes da Petrobras, Jose Sérgio Gabrielli, e da YPFB, Jorge Alvarado, a nota informa que as partes vão discutir ´uma revisão´ nos preços, reivindicação importante para a Bolívia, com uma ressalva que interessa ao Brasil: as partes concordaram ´que a proposta de revisão seja tratada de forma racional e eqüitativa, ao amparo dos mecanismos estabelecidos no contrato de compra e venda de gás natural´ entre os dois países. A nota também diz que serão formados três grupos de trabalho para as discussões técnicas. Ritual O aspecto que melhor definiu o caráter do encontro foi o ritual de negociação a ser seguido daqui para a frente, que indica uma abertura da Petrobras e do governo brasileiro para ouvir as reivindicações bolivianas. Dias atrás a Petrobras dizia que daria um prazo de 45 dias para as negociações - e que depois disso chamaria arbitragem num tribunal de Nova York, como diz o contrato entre as partes. O calendário que saiu da reunião abre espaço para negociações. Em outra escala, envolvendo o conjunto de mudanças no negócio do gás desde que Evo Morales assinou o decreto da nacionalização. Na véspera do encontro, a Petrobras divulgara uma nota indignada, dizendo que não aceitava as nomeações de diretores sem que fosse cumprido todo um ritual de consulta a acionistas. Limpando o terreno para a conversa que lhe interessava, o governo boliviano esclareceu que os nomes foram indicados - mas só serão empossados depois que todas as formalidades forem cumpridas. O saldo do encontro mostra que, embora tenham passado os últimos dias em guerra verbal, as partes parecem ter se convencido que estão condenadas a chegar um acerto. O encontro teve início com uma saudação do ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, seguida por uma resposta no mesmo tom de Andrés Solis, o ministro dos Minérios e Hidrocarbonetos que, para surpresa dos brasileiros presentes, passou a maior parte do encontro numa postura de conciliação e bom comportamento, informam autoridades familiarizadas com os principais detalhes da conversa.

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