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Petrobrás alonga dívida para melhorar taxas e prazos

Por Kelly Lima
Atualização:

A obtenção de melhores condições de taxas e prazo de pagamento foi o que motivou a Petrobrás a alongar suas dívidas junto ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal , aumentando em mais R$ 1,5 bilhão o valor do empréstimo com este último. A Petrobrás informou oficialmente que o montante devido à CEF agora é de R$ 3,6 bilhões, e com o BB, de R$ 2 bilhões. "No momento em que se tomou o crédito, especialmente o da CEF, as condições não eram as melhores do mundo, mas eram as possíveis. Alongando o prazo nas duas operações, estas condições melhoraram muito", disse a fonte, sem informar os porcentuais. Os dois empréstimos têm agora prazo para pagamento até 2011 e não mais até 2009 como anteriormente. A operação da Petrobrás foi recebida de maneira "natural" pelo mercado. Analistas acreditam que a empresa esteja agindo "corretamente" ao recorrer aos bancos em tempos de preço baixo no barril de petróleo e escassez de crédito no mercado internacional. FOGO EM PALHA ALHEIA O analista Nelson Rodrigues de Mattos, do Banco do Brasil, lembrou que as críticas sofridas pela estatal no final de novembro, época em que o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) denunciou o empréstimo de R$ 2 bilhões contraído pela companhia junto à CEF, se mostraram "muito fogo em palha alheia". "A Petrobrás costumava tomar crédito no mercado, seja internacional, seja nacional. Só não o estava fazendo no último ano por conta do preço alto do barril do petróleo no mercado internacional, que estava remunerando bem a companhia. Agora ela foi pega no contrapé, com custos elevados ainda decorrentes deste período (como contratos fechados antes da redução do valor e pagamento de royalties) e uma receita mais baixa", analisou Mattos. Tanto na opinião de Mattos, quanto de outros dois analistas consultados, para se expor menos ao mercado financeiro, a Petrobrás poderia reduzir os seus investimentos. "Se ela não quiser se expor a este mercado, que hoje ainda está oferecendo taxas mais altas do que em épocas normais, basta tirar US$ 5 bilhões anuais do plano de investimento, cortar uma refinaria, ou coisas semelhantes", disse Mattos. A companhia deve fechar 2008 com investimentos de R$ 55 bilhões e tinha previsto ir a até R$ 72 bilhões antes da deflagração da crise financeira mundial, em setembro. Os planos de investimentos da estatal até 2013, que seriam anunciados na última sexta-feira, voltarão a ser discutidos em janeiro, já que não houve um equilíbrio entre os valores das principais premissas que norteiam estes aportes, que são o barril de petróleo e o câmbio, ambos em alta volatilidade. PRESSÃO POLÍTICA Um analista de corretora de São Paulo lembrou que há certa pressão política, que impede a empresa de mexer nos investimentos anunciados, já que seu acionista majoritário é o governo federal. "A Petrobrás tem de manter os investimentos incluídos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tem de cumprir os compromissos de construção de refinaria estabelecidos com os governos do Ceará e do Maranhão. Se não fosse por isso, talvez nem precisasse recorrer tanto ao mercado financeiro", comentou este analista.

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