A Petrobras anunciou nesta terça a descoberta de um novo campo gigante de petróleo ao sul da Bacia de Campos. Segundo comunicado de comercialidade da área, enviado hoje à Agência Nacional do Petróleo (ANP), o campo BC-20, ou Papa-Terra, como será chamado, tem reservas potenciais entre 700 milhões e 1 bilhão de barris de óleo, ou o equivalente a quase 10% das reservas nacionais somadas. A área é operada pela Petrobras, com 62,5% da concessão adquirida em 1998, em parceria com a Chevron (37,5%). A expectativa da estatal é que o novo campo possa começar a produzir no final de 2011. O campo tem óleo considerado bastante pesado, com grau API (avaliação internacional que mede a leveza do óleo) variando entre 14 e 17 (quanto mais próximo de 50, mais leve). A desvantagem deste óleo é que ele tem custo mais elevado de extração e refino, além de ser desvalorizado no mercado internacional. Para o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, entretanto, a declaração de comercialidade do campo está em linha com os projetos da Petrobras para o melhor aproveitamento do óleo pesado encontrado na costa brasileira, especialmente ao sul da Bacia de Campos. A estatal vem fazendo investimentos de US$ 2 bilhões para adaptar suas refinarias para o processamento deste óleo pesado, em detrimento do óleo leve importado para o qual eram destinadas. Para o diretor da consultoria em exploração de petróleo Expetro, Jean Paul Prates, o óleo a ser extraído do bloco Papa-Terra, terá os custos da exploração e refino compensados pelo fato de o campo ser em lâmina d´água com pouca profundidade, apenas 1,2 mil metros. Segundo ele, já havia indícios de possível descoberta de comercialidade no local, tanto que já foi declarada também a comercialidade do campo vizinho, BMC-7, que a canadense EnCana vendeu recentemente para a norueguesa Norsk Hydro. O custo mais elevado da produção do óleo pesado também está nos planos da Petrobras para ser compensado com a produção de derivados de petróleo de maior valor agregado. Dentro destes projetos está a unidade petroquímica que a estatal pretende construir no estado do Rio de Janeiro, que vai processar óleo do campo de Marlim Sul, também localizado ao Sul da Bacia de Campos.