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Petrobrás atrai pequeno investidor

De olho em ganhos futuros, eles aderiram em massa à oferta pública de ações da estatal, cujo prazo de reserva terminou ontem

Por Vinícius Pinheiro
Atualização:

Atraídos pelas perspectivas do pré-sal e, principalmente, pela possibilidade de ganhos de curto prazo, os investidores pessoas físicas aderiram em massa à mega oferta de ações da Petrobrás, cujo prazo de reserva terminou ontem. Com base nas cotações de fechamento de quarta-feira, a capitalização pode totalizar R$ 132 bilhões, a maior de todos os tempos já realizada no mundo.Pelas regras da operação, os pequenos investidores podem ficar com até 20% das ações da oferta brasileira. O mercado, que pressionava para reduzir as cotações das ações preferenciais (PN) para o patamar de R$ 23, agora fala que o preço na oferta - que será definido amanhã - deve sair por volta de R$ 25. As ações PN da Petrobrás fecharam o pregão de ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) cotadas a R$ 25,98, em queda de 1,40% enquanto as ordinárias (ON) recuaram 0,40%, para R$ 29,68. A expectativa é de que no pregão desta quinta-feira a pressão para reduzir o preço se intensifique.Entre os investidores institucionais, a demanda estaria em US$ 19 bilhões (R$ 32,7 bilhões), segundo uma fonte. Apesar de a procura ser boa, os bancos que coordenam a oferta ainda trabalham para atrair mais investidores estrangeiros e com perfil de longo prazo.A avaliação é de que boa parte das pessoas físicas que reservaram as ações pode aproveitar para vender os papéis para obter ganhos de curtíssimo prazo - o chamado "flipper", no jargão de mercado. "Mesmo entre os grandes investidores, a decisão de entrar na oferta está mais relacionada à forte queda das ações do que pelas perspectivas de longo prazo da Petrobrás", disse um especialista. No ano, os papéis PN da estatal acumulam desvalorização de quase 28%. Segundo analistas, passada a pressão exercida pela oferta, a tendência é de que os papéis recuperem ao menos parte das perdas.As dúvidas de que a capitalização poderia não ser bem sucedida praticamente foram por terra na última sexta-feira, após a empresa decidir aumentar a quantidade de ações do lote adicional - usado quando há um excesso de demanda. Segundo fontes, a estatal decidiu ampliar a oferta depois da forte adesão recebida pelos acionistas minoritários na primeira fase da operação, restrita a quem tinha participação na companhia.Além do governo, que já anunciou que pretende entrar com R$ 74,8 bilhões na capitalização, quase 10% da demanda pelos papéis pode vir de forma "involuntária". Como a participação da estatal, tanto nos índices acionários da Bovespa como nos internacionais, aumentará de forma significativa após a oferta, os fundos que têm como política acompanhar esses indicadores precisam aderir à operação para não ficarem desenquadrados. De acordo com cálculos do UBS, só a demanda dos fundos pode chegar a US$ 7 bilhões (pouco mais de R$ 12 bilhões). Amanhã, o governo promove festa na Bovespa para comemorar o lançamento das ações da estatal. O evento terá a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, além de executivos da estatal.PARA LEMBRARPor que capitalizar a Petrobrás?A Petrobrás precisa da capitalização para poder cumprir seu plano de investimentos de US$ 224 bilhões previstos para os próximos cinco anos. O volume é considerado até conservador, já que ainda não contempla os volume mais pesados de investimentos que serão aplicados nas áreas do pré-sal. Segundo a estatal, considerando um barril de petróleo na casa dos US$ 80, o fluxo de caixa da companhia não seria suficiente para garantir todos os investimentos previstos, gerando a necessidade de buscar no mercado pelo menos US$ 60 bilhões.

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