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Petrobrás bloqueia empresas por cartel

Vinte e três grupos que estão em lista feita pela estatal com base nos depoimentos da Lava Jato não poderão participar de licitações e contratos

Por Fatima Laranjeira
Atualização:

A Petrobrás anunciou ontem que vai bloquear o acesso de 23 empresas às suas licitações e contratos, por fazerem parte de um suposto cartel que agia contra os interesses da petroleira. A lista, que inclui grupos como Camargo Corrêa, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, segundo a Petrobrás, foi elaborada com base nos depoimentos de envolvidos na operação Lava Jato: o ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, Julio Gerin de Almeida Camargo, do Grupo Toyo, e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, do grupo Setal. Após a reunião de sua diretoria executiva, realizada ontem, a Petrobrás também informou que os escritórios de advocacia Trench, Rossi e Watanabe Advogados e Gibson, Dunn & Crutcher, contratados pela estatal para investigações independentes relacionadas às denúncias da operação Lava Jato, identificaram possível existência de relação entre os fatos que estão sendo apurados na empresa com a Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros, o fundo de pensão dos empregados da estatal). "Sendo assim, as investigações pelos escritórios independentes foram estendidas à Petros, conforme aprovado pelo Conselho Deliberativo da Fundação", informou a empresa, em comunicado ao mercado. A companhia também informou que divulgará, em janeiro de 2015, as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014, sem o relatório de revisão do seu auditor externo PricewaterhouseCoopers (PwC). "Com esse prazo, a companhia estará atendendo suas obrigações dentro do tempo estabelecido pelos seus contratos financeiros, considerados os períodos de tolerância contratuais aplicáveis, e de modo a evitar o vencimento antecipado da dívida pelos credores", diz o comunicado. A empresa afirmou que está empenhada em divulgar as demonstrações contábeis do terceiro trimestre revisadas "assim que possível". Em relação a 2015, a empresa informou que está revisando seu planejamento, implementando uma "série de ações voltadas para a preservação do caixa", de forma a viabilizar seus investimentos sem a necessidade de efetuar novas captações. Nesse planejamento, a empresa está levando em conta um dólar cotado a R$ 2,60 (ontem, a moeda americana fechou cotada a R$ 2,70) e um preço médio do barril de petróleo de US$ 70 (ontem, estava em US$ 57,88). Danos. No caso do bloqueio cautelar das 23 empresas às suas licitações, a Petrobrás disse ter aprovado a constituição de Comissões para Análise de Aplicação de Sanção (Caase). "A adoção de medidas cautelares, em caráter preventivo, pela Petrobrás tem por finalidade resguardar a companhia e suas parceiras de danos de difícil reparação financeira e de prejuízos à sua imagem", disse a estatal. Segundo o comunicado, as empresas participantes do suposto cartel serão notificadas do bloqueio e será respeitado "o direito ao contraditório e à ampla defesa". De acordo com a empresa, a constituição das Caases e o bloqueio cautelar levam em consideração, além dos depoimentos de Costa, Youssef e dos executivos da Toyo e da Setal, a fase 7 da Operação Lava Jato e o recebimento pelo Poder Judiciário, entre 12 e 16 de dezembro, das denúncias feitas pelo Ministério Público Federal (ações penais) por crimes em desfavor da Petrobrás decorrentes das investigações.

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