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Petrobrás capta US$ 3,25 bilhões em emissões de título no exterior

Em meio à pandemia de coronavírus, estatal vê demanda acima do esperado; movimento pode abrir porta a outras empresas nacionais

Foto do author Cynthia Decloedt
Por Cynthia Decloedt (Broadcast)
Atualização:

A emissão de US$ 3,25 bilhões em bônus da Petrobrás realizada ontem – a primeira de empresa brasileira pós-pandemia de coronavírus – deve abrir caminho para outras companhia e bancos do País buscarem recursos no mercado financeiro internacional. A operação mostrou apetite dos estrangeiros por nomes de peso em meio à necessidade de alocar recursos, enquanto as taxas de juros das grandes economias seguem no chão.

Antes da fase da turbulência nos mercados, havia expectativa de que o segundo trimestre fosse recheado de novas captações de emissores brasileiros, em antecipação às eleições norte-americanas. 

Petrobrás é 1ª captação brasileira após o coronavírus. Foto: Fábio Motta/Estadão

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A fila, no entanto, ficou congelada. Nela estavam algumas grandes companhias frequentes e novos emissores, além de instituições financeiras. O Banco Pan, controlado pela Caixa Econômica Federal e pelo BTG Pactual, abortou sua emissão que seria colocada no exterior justamente na semana seguinte ao carnaval brasileiro, que marcou o início de um forte descompasso nos preços dos ativos, em virtude da expansão do coronavírus, à época, pela Europa.

Mesmo com o forte impacto do vírus nos EUA e no Brasil neste momento, a demanda pelos papéis da Petrobrás, que superou os US$ 15 bilhões, surpreendeu. A cifra acima de US$ 10 bilhões não era vista há bastante tempo nas captações feitas por emissores brasileiros. 

Os esforços demonstrados pela petroleira para adequar suas operações ao impacto da covid-19 e à queda no preço do petróleo, assim como o ajuste feito em seu balanço do primeiro trimestre para contabilizar perdas previstas, agradaram o mercado de modo geral.

Pedágio

A companhia, entretanto, pagou o pedágio da crise sem precedente que o mundo vive, uma vez que, no dia 21 de fevereiro, que antecedeu a reviravolta de preços nos mercados financeiros, o título da companhia oferecia com prazo de dez anos um retorno ao investidor de 3,66%. 

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Os preços de negociação dos papéis no mercado secundário são referência para novas captações. Mesmo assim, o custo da emissão de ontem ficou perto dos bonds emitidos em março de 2019, quando a estatal levantou US$ 750 milhões em papéis com vencimento em 2029 a 5,95%, e US$ 2,25 bilhões com vencimento em 2049, a 6,9%.