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Petrobrás cai 14% e Ambev volta a ser a maior empresa da Bolsa

Estatal teve uma queda de R$ 47,2 bilhões em um dia; valor de mercado é de R$282 bilhões

Por Renato Carvalho
Atualização:

A Petrobrás encerrou o dia como o destaque negativo de toda a B3, e com ela caíram as outras estatais listadas no Ibovespa. As ações da Petrobras fecharam com quedas de 13,71% (PN) e 14,55% (ON), uma perda de R$ 47,2 bilhões em valor de mercado. Com a queda, a estatal perde o posto de maior empresa da Bolsa. O valor de mercado da Petrobrás, após o pregão desta quinta-feira, 24, é de R$ 282 bilhões, contra R$ 319 bilhões da Ambev.

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A interpretação de analistas sobre a decisão da estatal de dar um desconto no preço do diesel, especialmente pelos investidores estrangeiros, é um sinal de que a ingerência política voltou a pesar nas decisões da companhia. Isso cria uma maior cautela em relação ao Brasil, e tem reflexos diretos nos papéis das estatais. 

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Para Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante Ideias de Investimento, houve um certo exagero na reação do mercado à decisão anunciada nesta quarta-feira, pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente. "Não acho que entraremos em um movimento de ingerência contínua. Era a única medida rápida que o presidente Temer poderia tomar. Mas de qualquer maneira, fere um pouco aquela mensagem de empresa de capital aberto focada no lucro".

Investidorestêm receio de ingerência política na empresa Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Em relação à política de preços, Bevilacqua acredita que poderia ser diferente. "A verdade é que saiu do oito para oitenta, de não ter reajuste para correção diária, algo que dificulta o cálculo do frete para os caminhoneiros. E em um momento de retomada da economia, uma semana de paralisação tem um peso muito grande".

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Outro operador concorda que a queda dos papéis da Petrobras no pregão desta quinta-feira, 24, foi exagerada, e aproveitou inclusive para comprar ações da companhia, acreditando em recuperação. Para ele, um fator decisivo para o desempenho de hoje foi o corte de recomendação feita por quatro bancos. Itaú BBA, Morgan Stanley, Credit Suisse e Banco of America Merril Lynch tomaram essa decisão.

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"Isso, ao nosso ver, marca uma mudança estrutural na política de preços da empresa, um dos principais pilares de nossa tese de investimento, mesmo que apenas temporariamente", diz o analista do Itaú BBA, André Hachem. "Embora o impacto total da decisão e suas repercussões ainda não estejam claros, acreditamos que os riscos para as teses de investimento aumentaram." (Veja mais em nota publicada às 10h15)

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, apresentou seus argumentos a investidores e analistas para justificar a decisão anunciada nesta quarta-feira, 24, de reduzir o preço do diesel e congelá-lo por 15 dias. Em teleconferência, afirmou que a diretoria percebeu, ao longo do dia, que a crise provocada pela greve dos caminhoneiros estava se agravando, o que gerou a percepção de que alguma medida deveria ser tomada.

"Discutimos que poderíamos promover mudanças temporárias dentro da lei. Tenho certeza de que seguimos os melhores interesses da empresa. Oferecemos nossa contribuição para resolver o problema e estamos certos de que fizemos o melhor", disse o presidente da Petrobras.

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