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Petrobras compra Pérez Companc por US$ 1,027 bilhão

Por Agencia Estado
Atualização:

A Petrobras comprou nesta quinta-feira 58,62% das ações da empresa petrolífera Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc. A Pecom, como é conhecida, é a maior empresa petrolífera independente da América Latina. A assinatura do acordo de compra foi realizada na sede da empresa argentina, com a presença do presidente da Petrobras, Francisco Gros, e de executivos da Pérez Companc. Segundo Gros, a Petrobras pagou US$ 1,027 bilhão pela Pérez Companc. Deste total, US$ 689 milhões foram entregues em espécie, enquanto os restantes US$ 338,4 milhões serão pagos através de uma letra emitida para a Fundação Pérez Companc. Estes títulos vencem em 2007, com juros anuais de 4,7%. A compra ainda precisa ser aprovada pela Secretaria de Defesa da Concorrência. No entanto, especula-se em Buenos Aires que a análise da secretaria não encontraria obstáculo algum que pudesse impedir a compra. A Secretaria tem o período de um ano para a aprovação. Apesar do período prolongado, Gros sustentou que não prevê qualquer tipo de reversão da compra. E mesmo que isso ocorresse, afirmou, ?nós lhes devolvemos a empresa, e eles nos dão de volta o dinheiro. Mas essa seria uma situação in extremis?. O anúncio de que a Petrobras pretendia adquirir a Pecom havia sido feito em julho deste ano. A principal complicação nas negociações era a dívida que a Pecom tinha. No entanto, esta questão foi resolvida dias atrás, quando a Pecom conseguiu o refinanciamento da dívida, de quase US$ 2 bilhões. A empresa conseguiu a reestruturação de 100% da dívida com os bancos, e 92% da dívida com os bônus. Com a venda da Pecom, deixa de estar em mãos argentinas a última grande empresa petrolífera que ainda era de capital local. A venda gerou protestos nos setores mais nacionalistas do país. Além disso, diversos grupos empresariais tentaram pressionar o governo do presidente Eduardo Duhalde, alegando que, com a venda da Pérez Companc, a Argentina estava cedendo áreas estratégicas para o país. Um dos representantes da Petrobras afirmou em off ao Estado que era incompreensível a atitude de alguns setores da mídia argentina, que atacaram a compra: ?Se vem uma companhia inglesa ou espanhola, tudo bem. Mas se é o Brasil, o vizinho que vem comprar, aí já dá problema. É um absurdo?. Esta é a segunda grande operação de compra de empresas que o Brasil realiza neste ano na Argentina. A anterior foi a aquisição da empresa cervejeira Quilmes, por parte da AmBev. Segundo Elói de Almeida, presidente do Grupo Brasil, associação que reúne 200 empresas brasileiras instaladas na Argentina, este é o momento de comprar empresas argentinas de alta qualidade. Durante coletiva de imprensa realizada na sede da Pecom no centro de Buenos Aires, Gros explicou que a intenção da Petrobras é ficar na Argentina. ?Há dez anos estamos investindo neste país. E recentemente, há dez dias, estive aqui inaugurando o primeiro posto de gasolina da Petrobras?, ilustrou. No total, serão 40 postos da Petrobras nos próximos três meses, como resultado da troca de ativos com a empresa espanhola Repsol, que cedeu a EG3 à empresa brasileira. A Pecom possui uma centena de postos na Argentina. A princípio, durante um ano, estes postos manteriam a marca atual, mas, posteriormente, passariam a ostentar a marca da Petrobras. Gros sustentou que, por enquanto, apesar da compra da Pecom, não existe nenhuma intenção de integrar de forma imediata os negócios das duas empresas, que continuariam sendo independentes, por algum tempo. Gros afirmou que a mudança que ocorrerá em breve nos governos tanto do Brasil como da Argentina não o preocupam. Em relação ao Brasil, afirmou que se sentia ?bem?. Segundo ele, seja lá qual for o candidato vitorioso no segundo turno das eleições presidenciais, o rumo da Petrobras não será alterado. Sobre a Argentina, sustentou que se sentia ?tranqüilo?. A Petrobras informou que vai investir US$ 2 bilhões na petrolífera argentina Pérez Companc durante os próximos cinco anos para impulsionar a produção. Jorge Camargo, diretor internacional da Petrobras, disse à agência Dow Jones que a companhia está aumentando seus gastos na Pérez Companc porque está à procura de novas reservas de petróleo na América Latina. "A Pérez Companc será um motivo de crescimento", disse ele. Este ano, a empresa argentina reduziu investimentos após seus lucros terem despencado por causa dos impostos do governo sobre suas exportações e da acentuada desvalorização do peso em janeiro. Camargo acrescentou que a média de investimentos da Petrobras será de US$ 400 milhões por ano. Sem citar um número específico, o executivo afirmou que a companhia brasileira vai revisar sua meta de produção de 300 mil barris de petróleo por dia fora do Brasil em 2005, pois a aquisição da Pérez já vai ampliar a produção da Petrobras para cerca de 250 mil barris por dia. Atualmente, a petrolífera brasileira produz 70 mil barris por dia em operações estrangeiras e agora está acrescentando a esse valor 180 mil barris por dia com a produção da Pérez. Gros, disse há pouco que a compra da Perez Companc é a consagração do objetivo estratégico de expansão dos ativos da companhia. Segundo ele, pelo contrato fechado nesta quinta-feira com a empresa argentina, a Secretaria de Defesa da Concorrência, órgão similar ao Cade no Brasil, terá um prazo de até um ano para avaliar e aprovar o negócio. Gros se mostrou confiante na aprovação. Pelas regras argentinas, se ocorrer algum problema aos olhos da autoridade de concorrência, a transação acaba sendo desfeita. "Estamos confiantes de que essa aprovação virá em breve e temos toda a documentação", disse em entrevista coletiva em Buenos Aires. O novo CEO da Pecom será o atual diretor-gerente de novos negócios da Petrobras, Alberto Guimarães. Gros afirmou à Agência Estado que, por pelo menos um prazo de seis meses, não haverá grandes alterações nas estratégias de negócios da Pecom, nem em seu quadro funcional. Segundo ele, será necessário um período de avaliação de toda a estrutura da empresa e seu funcionamento. "A Pecom tem acionistas minoritários e não chegamos com uma idéia pré-concebida. A princípio, não vejo motivos para fazer qualquer mudança", disse. "Temos negócios comuns na Bolívia, Colômbia, no Equador e no Brasil, e as companhias serão administradas independentemente." Ele afirmou que terá de avaliar "país por país e negócio a negócio para verificar as sinergias a fim de realizar as melhores transações".

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