
14 de janeiro de 2020 | 15h39
A Petrobrás anunciou, nesta terça-feira, 14, que depois de encerradas as tentativas para venda da subsidiária Araucária Nitrogenados S/A (ANSA/Fafen-PR), aprovou o fechamento da fábrica de fertilizantes localizada na cidade de Araucária, no Paraná. Segundo nota, a empresa vem apresentando recorrentes prejuízos desde que foi adquirida em 2013. A informação da paralisação das atividades foi antecipada pelo Estadão/Broadcast.
Segundo a empresa, os resultados da ANSA, historicamente, demonstram a falta de sustentabilidade do negócio. "Somente de janeiro a setembro de 2019, a Araucária gerou um prejuízo de quase R$ 250 milhões. Para o final de 2020, as previsões indicam que o resultado negativo pode superar R$ 400 milhões".
Ainda conforme a empresa, a matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) está mais cara do que seus produtos finais (amônia e ureia) e as projeções para o negócio continuam negativas. A Ansa é a única fábrica de fertilizantes do País que opera com esse tipo de matéria-prima.
A estatal destacou que a decisão segue na esteira da estratégia de sair do segmento de fertilizantes e focar em ativos que gerem maior retorno financeiro.
"Foram empenhados todos os esforços para a venda da empresa, cujo processo de desinvestimento iniciou-se há mais de dois anos. As negociações avançaram com a companhia russa Acron Group mas, conforme comunicado ao mercado em 26 de novembro, não houve efetivação da venda", aponta a Petrobrás.
A Petrobrás diz que a Ansa se reuniu na manhã desta terça-feira com o sindicato para tratar desse tema.
A estatal informou ainda que a ANSA está em fase final de negociação de convênio para oferecer programas de capacitação e requalificação profissional para as comunidades que ficam no entorno da fábrica, no município de Araucária. "Serão oferecidas 1.000 vagas para moradores destas comunidades", apontou.
Para o diretor do Sindiquímica Paraná, Caio Rocha, a Petrobrás violou o acordo coletivo dos trabalhadores ao anunciar o fechamento da Fafen. Segundo ele, a empresa demitirá todos no prazo de 30 a 90 dias.
"No nosso acordo coletivo, temos uma cláusula que proíbe a demissão em massa antes da negociação com o sindicato e que seja concluído um plano de demissão. O que a empresa apresentou foi unilateral. Ela não está aberta a negociação. Fez um pacote de benefícios sem discussão", afirmou.
Procurada, a Petrobrás disse que está em discussão com as entidades sindicais.
De acordo com Rocha, o sindicato já antecipou que tal medida seria adotada e marcou uma mesa de mediação no Ministério Público do Trabalho de Curitiba para o próximo dia 20. "Hoje, eles (Fafen e representantes da Petrobrás) afirmaram que estarão presentes na mesa de mediação", disse.
Ainda conforme o sindicalista, o objetivo principal da categoria é tentar uma negociação política para manter a fábrica. A segunda frente é a luta para conseguir realocar os trabalhadores da Fafen do Paraná no grupo Petrobrás, da mesma forma como ocorreu nas plantas de fertilizantes da Bahia e Sergipe, que foram arrendadas no fim do ano passado.
A estatal, entretanto, afirmou que a transferência não pode ser feita. "A Ansa é uma subsidiária da Petrobrás, com autonomia estatutária e personalidade jurídica distintas, patrimônio e gestão próprios, tratando-se, portanto, de empresa distinta e autônoma da Petrobrás. Ou seja, os empregados da ANSA não são empregados da Petrobras", apontou a estatal, em nota ao Estadão/Broadcast.
A unidade do Paraná tem capacidade de produzir 1,9 mil toneladas de ureia por dia - ou 700 mil toneladas por ano. A Fafen da Bahia tem capacidade de produção total de ureia de 1,3 mil toneladas por dia e a sergipana, de 1,8 mil toneladas por dia.
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