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Petrobrás conseguiu alívio financeiro momentâneo, mas deve divulgar balanço

Avaliação é da Agência Internacional de Energia (AIE), que destacou as dificuldades da estatal para ter acesso a financiamento em meio ao escândalo de corrupção

Por Fernando Nakagawa e correspondente
Atualização:
Sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro Foto: MARCOS DE PAULA/ESTADÃO

LONDRES - A Petrobrás conseguiu algum alívio financeiro recentemente com o aumento do dinheiro em caixa. A avaliação consta do relatório mensal da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgado esta manhã. A agência nota, no entanto, que os desafios da empresa continuam com a necessidade de divulgar o balanço, ou a estatal terá de quitar US$ 60 bilhões em títulos de dívida que vencem adiante.

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A Petrobrás ocupa boa parte do trecho dedicado ao Brasil do relatório mensal da AIE. A agência reconhece que a estatal conseguiu melhorar a situação do caixa com o início da venda de ativos. "Como parte do plano de desinvestimento, a Petrobrás vendeu grande parte dos ativos de produção na Argentina estimados em US$ 101 milhões", diz o relatório.

"Uma boia de salvação adicional para a Petrobrás veio na forma de um empréstimo de US$ 3,5 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China, um negócio assinado como parte de um acordo de cooperação de dois anos entre as duas entidades", diz o relatório da AIE. "Os recursos chegam à Petrobrás em um período em que a investigação sobre a corrupção eliminou o acesso ao mercado internacional de dívida e a empresa precisa de dinheiro para continuar as operações".

Mesmo com esse alívio no caixa da empresa, a agência ainda tem prognóstico pessimista para a companhia brasileira. "A Petrobrás irá enfrentar um período difícil pela frente: a empresa mais pesadamente endividada do mundo tem até o fim de abril para publicar o balanço auditado do ano ou haverá o risco acelerado de pagamento de mais de US$ 60 bilhões em títulos". A necessidade de pagamento da dívida pode surgir caso a estatal não publique balanço, o que manteria fechado o acesso aos mercados.

Não bastassem os problemas administrativos e financeiros, a agência chama atenção para as dificuldades operacionais. A AIE nota que a produção da plataforma P-58 foi interrompida para manutenção preventiva apenas um ano após o início dos trabalhos. O desligamento dessa instalação afetará a produção total do Brasil neste ano e ainda não está claro quando a P-58 poderá voltar a funcionar, diz o relatório.

Demanda. Ainda segundo a Agência, a piora da situação econômica no Brasil fez o País diminuir o consumo de gasolina pela primeira vez após 42 meses ininterruptos de aumento da demanda por derivados de petróleo.

Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o Brasil consumiu o equivalente a 19,5 milhões de barris de gasolina em fevereiro de 2015, volume 0,7% menor que o registrado em igual mês do ano passado. Em todos os combustíveis, o País consumiu 65,9 milhões de barris em fevereiro, volume 6,6% menor que o registrado um ano antes.

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Apesar do recuo no início do ano, a Agência Internacional de Energia estima que a demanda por derivados de petróleo no Brasil deve atingir a marca de 3,28 milhões de barris por dia em 2015, crescimento de 1,86% na comparação com o registrado no ano passado. No primeiro trimestre, houve contração na demanda de mais de 5% na comparação com o trimestre anterior.

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