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Petrobrás despenca e Bolsa tem a 2ª maior queda do ano

Ibovespa desliza 4,34% puxado pelas ações da estatal, que perderam mais de 6%; EUA ainda preocupam analistas

Por Leandro Mode e Paula Laier
Atualização:

As ações da Petrobrás despencaram ontem e fizeram o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) registrar a segunda pior queda de 2007. O indicador deslizou 4,34%, para 61.526 pontos. Em termos porcentuais, o desempenho só não foi pior que o do dia 27 de fevereiro, quando o Ibovespa recuou 6,62%, arrastado pela forte desvalorização da Bolsa de Xangai. As ações preferenciais (PN) da estatal perderam 6,50% e as ordinárias (ON), 7,19%. Segundo analistas, a queda deveu-se a três fatores. O primeiro deles, e mais importante, foi o resultado da companhia no terceiro trimestre, que veio abaixo do esperado. "A expectativa era de um lucro na casa de R$ 7 bilhões, mas o realizado foi de R$ 5,5 bilhões", observou Lucas Brendler, analista de investimentos da Geração Futuro Corretora. Outro ponto negativo, especificamente ontem, foi o recuo do petróleo no mercado internacional. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), o barril para entrega em dezembro perdeu 1,7% e fechou cotado por US$ 94,62. Por fim, muitos investidores aproveitaram para embolsar parte dos lucros obtidos durante a euforia que, na semana passada, se seguiu ao anúncio da descoberta de uma megarreserva de petróleo na Bacia de Santos. Levando-se em conta os pregões de quinta e sexta-feira, as ações PN da Petrobrás ganharam 16,2% e as ON, 17,7%. Os papéis da estatal são os mais importantes do Ibovespa. Juntos, respondem por 21,7% do índice. As ações da Vale do Rio Doce, que ocupam o segundo lugar em termos de importância no Ibovespa, também despencaram. Os papéis ON perderam 5,35% e os PNA, 4,9%, influenciados pela queda nas cotações de commodities no exterior. "As ações da Petrobrás e da Vale subiram muito nas últimas semanas. Se os dois carros-chefes caem, o resto cai junto", sintetizou Luiz Roberto Monteiro, analista da Corretora Souza Barros. Nos últimos pregões, disse ele, a bolsa brasileira havia se descolado das americanas. "Se não fossem Petrobrás e Vale, o Ibovespa deveria estar abaixo dos 60 mil pontos." De fato, na semana passada, o Ibovespa apresentou valorização de 0,42%. No mesmo período, o Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, recuou 4,06%. Ontem, o dia foi tranqüilo, embora negativo, no mercado acionário dos Estados Unidos. O Dow Jones perdeu 0,43% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 1,67%. "Os mercados já vinham realizando (lucro) lá fora. Agora estamos correndo atrás", acrescentou o economista Alexandre Póvoa, diretor do Banco Modal. Na avaliação dele, os investidores demonstravam excesso de otimismo, "ignorando os riscos" relacionados à crise imobiliária americana e à desaceleração da economia do país. Quinta-feira, alertou Póvoa, é o dia D para que os bancos nos EUA registrem em seus balanços as perdas decorrentes com títulos imobiliários do país. Os números, segundo muitos analistas, devem trazer más surpresas para os investidores. DÓLAR No mercado de câmbio, o dólar registrou a maior valorização porcentual ante o real desde o fim de agosto. A moeda americana avançou 1,78%, para R$ 1,777. O dólar, aliás, subiu ante as principais moedas, estimulado pela fuga de investidores em direção a ativos mais seguros, em especial títulos do Tesouro dos Estados Unidos.

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