10 de fevereiro de 2015 | 02h01
A queda do petróleo e os problemas legais já começam a limitar a capacidade da Petrobrás de investir. Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) diz que a situação do setor e a crise administrativa fazem com que a estatal não consiga mais guardar dinheiro para projetos futuros, nem tomar novos empréstimos. Por isso, a AIE aposta que a Petrobrás vai acelerar o plano de venda de ativos.
Em relatório divulgado no fim da noite desta segunda-feira para avaliar as perspectivas do setor de petróleo até 2020, a AIE usou mais da metade do espaço dedicado ao Brasil para avaliar a situação da Petrobrás. O diagnóstico não é dos melhores. "Preços mais baixos do petróleo e problemas legais limitarão a capacidade da Petrobrás de continuar com o ritmo de crescimento visto no segundo semestre de 2014", diz o estudo divulgado em Londres.
A AIE explica que a estatal está sendo investigada no Brasil e EUA por um suposto esquema de corrupção que envolve subornos e propinas que chegariam a 3% do valor dos contratos. "Enquanto essa investigação está em andamento, o auditor não certificará as demonstrações financeiras. Sem isso, (a empresa) não poderá ter acesso aos mercados internacionais de dívida", diz o estudo.
A falta de acesso aos mercados internacionais, explica a AIE, "frustrará a empresa, pelo menos temporariamente, de financiamentos para operações futuras". Outro problema é que a queda do preço do petróleo reduz as receitas e a reserva de dinheiro da estatal para novos projetos.
Em outras palavras, o relatório aposta que o petróleo barato e problemas de corrupção fazem com que a Petrobrás tenha menos dinheiro em caixa e, ao mesmo tempo, portas fechadas para tomar novos empréstimos.
Venda. Apesar de atribuir peso importante para os desvios na empresa, a AIE nota que os problemas da Petrobrás não são novos. "Mesmo antes desses problemas recentes, a Petrobrás apresentou sinais de estresse, principalmente como resultado do endividamento", diz o documento que lembra que a empresa já havia anunciado plano de desinvestimento. Agora, essa estratégia de vender ativos pode ser intensificada.
"Embora a empresa tenha anunciado que os planos de investimento não mudarão substancialmente como resultado dos preços mais baixos do petróleo, os planos de desinvestimento que a empresa planeja até 2018 poderão ser concluídos em um ritmo mais rápido que o esperado", diz o relatório.
Um item que pode amenizar a situação da Petrobrás, segundo a agência, é a desvalorização do real. Ainda que a Petrobrás consiga menos em dólares por cada gota de petróleo, a alta da moeda norte-americana faz com que essa receita seja maior em reais.
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